Lisboa, 27 jul (Lusa) - O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos, disse hoje que não falou "através dos jornais" com os governos que conheceu enquanto gestor e não gostou quando o inverso aconteceu, o que diz ter acontecido.
"Não costumo falar com o Governo através dos jornais e também não gostei que o Governo falasse comigo através dos jornais", advogou o gestor, falando perante os deputados da comissão de inquérito à Caixa, que hoje escuta o ainda presidente do banco.
Em causa estava uma pergunta - do deputado socialista João Paulo Correia - sobre declarações do antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que em julho de 2015 havia demonstrado aos jornalistas preocupação sobre o facto de a Caixa Geral de Depósitos não ter à época começado a devolver o empréstimo estatal de recapitalização, de 900 milhões de euros (até 2017), ao contrário de outros bancos privados.
Antes, o presidente cessante da CGD havia revelado também ter recebido um telefonema de António Domingues, que vai ser o seu sucessor no cargo, a informar que tinha sido convidado pelo Governo para ir para o banco - algo que viria a aparecer em destaque na edição de 16 de abril do jornal Expresso.
"Soube de certeza no dia 16 de abril [que ia sair da CGD]. Eu estava em Nova Iorque, o Expresso publicou a notícia e não houve desmentido. Soube quando todos os portugueses souberam que possivelmente isso ia acontecer. Eu soube mais cedo, mas por mim ninguém soube mais cedo", assegurou José de Matos.