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Juventude e mais filhos entre contributos dos imigrantes em Portugal

por Lusa

Lisboa, 17 nov (Lusa) -- Os imigrantes em Portugal são mais jovens e têm mais filhos do que a população de origem, mas continuam a ganhar menos e a ter menor desempenho escolar, conclui um relatório que será divulgado na sexta-feira.

A edição de 2016 do relatório estatístico anual "Indicadores de integração de imigrantes", da autoria de Catarina Reis Oliveira e Natália Gomes, do Observatório das Migrações, que será apresentado na sexta-feira, no Instituto Nacional de Estatística, tem como anos de referência 2013 e 2014.

As autoras assinalam que, em 2014, o saldo migratório português foi negativo em 30 mil pessoas, tendência que se vem mantendo desde 2011, embora com "ligeiras melhorias" de ano para ano.

"Portugal mantém-se numa situação de grave fragilidade demográfica, que associa o envelhecimento da sua população ao aumento da esperança média de vida, à diminuição das taxas de fecundidade e a saldos migratórios negativos", descrevem.

Ora, se "a partir de 2015 a capacidade de a União Europeia crescer demograficamente decorre, em grande medida, da existência de saldos migratórios positivos", Portugal está "particularmente vulnerável" e "o sentido que os fluxos migratórios assumirem no futuro irá determinar o maior ou menor grau de envelhecimento demográfico", alertam.

No preâmbulo do relatório, o ministro adjunto do primeiro-ministro, Eduardo Cabrita, que tutela as migrações, reconhece que, nos últimos anos, Portugal teve mais gente a sair do que a chegar, mas garante que "esse ciclo está a inverter-se" e que "o pior da crise já passou".

Entre os "contributos positivos dos imigrantes para a demografia portuguesa" estão os nascimentos. Em 2014, as mulheres estrangeiras foram responsáveis por nove por cento do total de nascimentos, refere o relatório, acrescentando que as estrangeiras entre os 15 e os 49 anos apresentam uma taxa geral de fecundidade superior à das portuguesas.

Ao mesmo tempo, "a população estrangeira é tendencialmente mais jovem do que a população de nacionalidade portuguesa", acrescentam as autoras.

Em 2014, residiam em Portugal 395.195 cidadãos estrangeiros -- 4 em cada 100, "valor bastante aquém da média" da União Europeia --, número que tem vindo a descer nos últimos anos. "Pela primeira vez desde 2002, o número de estrangeiros é inferior a 400 mil", assinalam.

A população estrangeira residente era, em 2014, maioritariamente composta por mulheres (51,5%), "o que reforça a tendência de feminização da imigração em Portugal".

As dez nacionalidades estrangeiras mais representativas mantêm-se, mas com a China a ter um aumento expressivo, passando para quinto lugar e ultrapassando Angola. A lista continua a ser liderada por Brasil, Cabo Verde e Ucrânia.

Os perfis dos imigrantes também se alteraram. Se, no passado, as principais razões de entrada eram laborais, nos últimos anos, os fluxos passaram a estar associados "principalmente ao estudo e ao reagrupamento familiar", realçam as autoras.

Em geral, os imigrantes apresentam "maiores dificuldades em obter bons resultados escolares" e Portugal não é exceção. Porém, nos últimos anos, registou-se "uma evolução positiva".

No trabalho, cerca de 52% dos trabalhadores estrangeiros por conta de outrem estavam empregados em profissões de base e mantém-se "o desequilíbrio nas remunerações".

Em 2014, "os trabalhadores estrangeiros obtiveram, em média, remunerações 8% mais baixas do que a generalidade dos trabalhadores do país", contabilizam as autoras.

Nas atitudes face à discriminação, Portugal continua a apresentar "melhores resultados" comparativamente aos restantes países europeus.

No que às remessas diz respeito, Portugal apresenta "um saldo positivo", com o dinheiro enviado pelos emigrantes a cobrir o dinheiro que os imigrantes fazem sair do país. Também no tema da segurança social, o relatório comprova que os imigrantes são mais contribuintes do que beneficiários.

"Parece haver, não apenas condições, mas mesmo uma necessidade de acolher mais gente", sublinha o ministro no preâmbulo do relatório, frisando que "os imigrantes nunca são um fardo para economias deprimidas".

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