Marcelo em Berlim para interceder por Portugal

por António Nabo

O Presidente da República está em Berlim para uma visita oficial de dois dias. Marcelo Rebelo de Sousa vai tentar sensibilizar a Alemanha para a questão das eventuais sanções a Portugal.

O Presidente da República afirmou que "é muito importante" que a Alemanha compreenda os esforços e os sacrifícios feitos por Portugal para cumprir os compromissos europeus, reiterando que a aplicação de sanções devido ao défice seria "injusta".

Em declarações aos jornalistas à chegada a Berlim, antes de uma receção a representantes da comunidade portuguesa, na residência do embaixador de Portugal, e ladeado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que discutirá "inevitavelmente" com a chanceler Angela Merkel e com o Presidente Joachim Gauck, na segunda-feira, a questão das eventuais sanções a Portugal, expondo os motivos pelos quais considera que o país não as merece.

Embora sublinhando que "é preciso não confundir a competência dos órgãos europeus com o papel dos Estados", e que "há decisões que pertencem a órgãos europeus", como as sanções no quadro dos procedimentos por défice excessivo, pelo que até "seria uma indelicadeza para a Comissão, para os comissários europeus e até para o Conselho Europeu estar a antecipar aquilo que vai ser uma decisão a nível europeu", o chefe de Estado admitiu a importância de sensibilizar Berlim, pela sua influência, para o esforço "que foi feito no passado" e que "está a ser feito no presente e vai ser feito no futuro" em Portugal.

"É evidente que é muito importante, como em relação a qualquer outro Estado europeu, e em relação à Alemanha de uma forma muito impressiva, o explicar aquilo que eu tenho a certeza que será importante ser compreendido, que é o esforço e os sacrifícios que os portugueses fizeram, cumprindo os compromissos europeus no passado, e daí o entender-se que esse esforço não deveria merecer qualquer tipo de sanção, e o esforço que está a ser feito para continuar a cumprir os compromissos no presente e no futuro", referiu.

Questionado sobre as posições assumidas na semana passada pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, que durante uma reunião dos ministros das Finanças da UE (Ecofin), em Bruxelas, manifestou a sua oposição ao adiamento de sanções a Portugal e Espanha decidido pela Comissão Europeia, Marcelo Rebelo de Sousa disse não querer comentar "especificamente as declarações de um governante alemão", dado não querer entrar "em questões de política interna alemã".

O Presidente da República chegou hoje a Berlim para uma visita oficial de dois dias, que tem como objetivo fundamental sensibilizar as autoridades alemãs para a "injustiça" que representaria a aplicação de sanções a Portugal devido ao défice.


c/ Lusa
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