Ministério Público alemão efetua buscas na Volkswagen

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Michael Horn, CEO da Volkswagen nos EUA Darren Ornitz - Reuters

Três procuradores e 50 polícias conduziram esta quinta-feira buscas na sede da Volkswagen em Wolfsburg, bem como em outros escritórios do fabricante alemão de automóveis. Em causa a investigação ao escândalo do software fraudulento em automóveis da VW. Enquanto isso, nos EUA, Michael Horn foi ouvido numa comissão do Congresso.

A informação foi dada num comunicado do Ministério Público alemão, que adiantou que “o objetivo das buscas foi apreender documentos e suportes informáticos" que possam conter informação “sobre a atuação e identidade de empregados da empresa” implicados na fraude Um porta-voz do Ministério Público de Brunswick adiantou à agência France Presse que foram igualmente feitas buscas em residências privadas, tanto em Wolfsburg, mas também noutras localidades.que abrange 11 milhões de veículos.

A Volkswagen está a ser investigada em vários países, incluindo o país de origem, a Alemanha, onde se estima que haja 2,8 milhões de carros equipados com o software que permite que o motor diminua as emissões poluentes quando está em testes e que se desliga quando o veículo circula na estrada.

O grupo alemão já admitiu que há 11 milhões de veículos que estão equipados com este sistema fraudulento, oito milhões deles na Europa.

No passado dia 28 de setembro, o Ministério Público alemão abriu uma investigação por fraude dirigida a “funcionários responsáveis”, sem mencionar nomes, mas que não visará particularmente o anterior presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn.
Michael Horn fala perante o congresso norte-americano
O chefe executivo da Volkswagen nos Estados Unidos da América foi chamado a falar esta quinta-feira à tarde perante um comité da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, que investiga o caso.

Michael Horn veio dizer que o uso do software fraudulento “não foi uma decisão corporativa", mas sim algo “que indivíduos fizeram”. “Foram alguns engenheiros de software que o fizeram por qualquer razão”, disse Horn.

Já ontem, o novo patrão do grupo, Matthias Müller dizia numa entrevista que “apenas alguns funcionários estavam implicados”, avançando que “quatro pessoas, entre elas três diretores responsáveis em diferentes épocas pelo desenvolvimento dos motores, tinham sido suspensas”.
Horn realça que a empresa está a realizar um inquérito interno a nível global e garante: “os responsáveis serão encontrados e serão responsabilizados”, adiantando que não existem, para já, conclusões.
Os esclarecimentos do líder da VW nos EUA perante o Comité, que constam também de um documento escrito, incluem um assumir da responsabilidade: “a Volkswagen assume total responsabilidade pelas suas ações e estamos a cooperar com todas as autoridades”.

Michael Horn disse ainda que “estes acontecimentos são profundamente perturbadores. Nunca pensei que algo como isto fosse possível no grupo Volkswagen. Quebrámos a confiança dos nossos clientes, distribuidores e empregados, vem como do público e reguladores”.
VW nos Estados Unidos retira pedido de certificação ambiental
Michael Horn revelou que a VW retirou o pedido de certificação para Na prática, esta decisão implica a suspensão da venda de automóveis nos Estados Unidos da América durante meses, até que o processo seja concluído. A empresa já tinha decidido suspender as vendas dos veículos de quatro cilindros afetados.o modelo dos veículos de 2016, dizendo que a empresa continua a trabalhar com as agências ambientais para continuar o processo, até que haja a certeza de que os veículos cumprem os limites impostos.

No mesmo texto apresentado ao Congresso americano, Horn revela que na primavera de 2014, quando foi publicado um estudo da universidade de West Virginia, foi informado de que poderia haver uma possível não conformidade das emissões poluentes, que podia ser remediado.

“Foi-me dito que os engenheiros da companhia iriam trabalhar com as agências para resolver o problema”, afirma o responsável da Volkswagen, garantindo que no final de 2014 foi informado que havia já um plano para assegurar a conformidade das emissões poluentes e que isso estava a ser trabalhado com as agências competentes.

Michael Horn garante que a 3 de setembro deste ano a Volkswagen revelou numa reunião com a California Air Resources Board e a EPA (agência de proteção ambiental) que o software dos carros a diesel de quatro cilindros entre 2009 e 2015 “continham um dispositivo fraudulento na forma de software escondido” que permitia reconhecer quando um veículo estava a ser testado num laboratório ou na estrada.

(com agências)
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