"O Diabo não veio em setembro"

por Rui Sá

Entre janeiro e agosto o défice do estado encolheu 81 milhões de euros se comparado com igual período do ano passado.
Catarina Martins resume: "O Diabo não veio em setembro".
O Estado gastou ainda assim mais quase 4 mil milhões de euros do que arrecadou. António Costa garante as metas impostas por Bruxelas a Portugal serão cumpridas.

Até agosto o défice reduziu 991 milhões de euros face aos números do ano passado. É o equivalente a 0,3% do PIB.

A Receita cresceu mais do que a despesa nos primeiros oito meses de 2016.

A execução, diz o primeiro-ministro, deixa claro que Portugal vai cumprir com as metas impostas ao país.

O Bloco de Esquerda lembra também que os dados demonstram que é possível uma política de devolução de rendimentos compatível com rigor orçamental..

Por seu lado Pedro Passos Coelho recorda que os números apresentados tem um reverso da medalha. O investimento público contraiu de tal forma que está a comprometer o crescimento do pais.

De facto o Estado gastou menos do que o orçamentado na aquisição de bens e serviços, mas também nos vencimentos.

Os impostos diretos estão a cair. Com os indiretos a história é outra. O CDS critica a política. Tabaco, veículos e combustíveis representam o "brutal aumento de impostos" que a oposição tem vindo a denunciar.

A Execução Orçamental de agosto deixa claro que a coleta de IRC e IRS estão a afundar relativamente ao ano passado.

Mas no IRS há outras contas a fazer. O Tesouro devolveu 2 400 milhões de euros aos contribuintes e ainda não cobrou cerca de metade dos 1,2 mil milhões em acertos a seu favor. Razão: atrasou-se a emitir as notas de cobrança.

O Secretário de Estado do Tesouro explica que este atraso tem efeitos negativos na execução orçamental deste mês que serão anulados em setembro e outubro à medida que os contribuintes liquidem o seu IRS.

Este é dinheiro que o Tesouro necessita até porque até 31 de agosto o Estado tinha 1157 milhões de euros de pagamentos em atraso a fornecedores. Mais 17 milhões do que no mês passado.

O PSD acusa o governo de fabricar números cortando no investimento e congelando pagamentos. Duarte Pacheco deixou claro que esta atitude só adia o problema da derrapagem do défice "que acabará por ter que ser pago no futuro".

O PCP olha as contas e identifica como problema não a execução do orçamento aprovado, "que está controlado", mas a necessidade de pagamento de juros "exorbitantes".

O país já pagou este ano quase cinco mil e 500 milhões de euros em juros. Mais 7,4% do que o ano passado.

Na execução orçamental de agosto destaque para a redução de 14,5% no valor dos subsídios pagos a quem perdeu o emprego.

A redução da taxa de desemprego para 10,8% contribui positivamente para as contas do Estado.
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