Portugal no topo da lista de destinos do investimento chinês

por RTP
António Costa com o Presidente chinês Xi Jinping, durante a recente visita do primeiro-ministro a Pequim. Naohiko Hatta - Reuters

O afluxo de capitais chineses na Europa em 2015 bateu recordes e chegou praticamente aos 29 mil milhões de euros, o dobro do valor investido nos Estados Unidos no mesmo ano. Portugal está no top 6 na lista de países com mais investimento.

Os olhos dos Estados Unidos estão postos na Ásia, mas há pelo menos um país asiático de peso que prefere olhar para o Velho Continente. É a conclusão de um estudo publicado esta segunda-feira pela ESADE Business & Law School a que o jornal El País teve acesso.

Segundo a instituição catalã de ensino, o investimento chinês na Europa em 2015 cresceu 55 por cento em relação ao ano anterior e triplicou face a 2013, chegando aos 31.380 milhões de dólares (28.800 milhões de euros). Este valor, conclui o estudo, é o dobro do total investido pela China nos Estados Unidos. 
Portugal entre os preferidos
Entre 2010 e 2015, o Reino Unido foi o país predileto da China em termos de investimento, tendo somado 20 mil milhões de euros, investimentos ligados sobretudo ao grande interesse pelo setor imobiliário.  

Mais atrás surgem a Itália, com 13.800 milhões de euros, França; com uma soma de 9.700 milhões de euros; Irlanda, com 7 mil milhões; e ainda a Alemanha, totalizando 6.800 milhões. Portugal surge na sexta posição, com um investimento total de 6.600 milhões de euros de afluxos chineses. Portugal e Irlanda são os dois países onde o investimento chinês mais representa no valor total do Produto Interno Bruto.

O jornal espanhol El País destaca mesmo o interesse chinês em países do sul da Europa, casos de Itália e também Portugal, onde a transferência de verbas mais significativa data de 2011, com a compra pela Three Gorges da parcela da EDP que pertencia ao Estado, num negócio total muito próximo dos 2.700 milhões de euros.  

A União Europeia é o principal foco económico da China no que diz respeito ao investimento fora da Ásia. O estudo prevê mesmo que em 2016 se registe um novo recorde de investimentos, alcançando os 33 mil milhões de dólares (cerca de 30.300 milhões de euros). Desta forma, o total de capitais chineses concentrados na UE deverá chegar aos 100 mil milhões de dólares em 2016.  

Foi na Itália e na Irlanda que se deram as duas maiores operações com capital chinês durante o ano de 2015. Em primeiro lugar está a compra da Pirelli, uma das maiores fabricantes de pneus a nível mundial, por parte da Chemchina, num negócio que chegou aos 8.250 milhões de euros. Já em solo irlandês, o grupo chinês NHA adquiriu a empresa de aeronaves Avolon.  
Uma porta de entrada
Mas o que procura afinal a China nas economias europeias de países desenvolvidos, sobretudo em economias menos pujantes, quando pode concentrar-se em países com níveis de crescimento comparáveis, em África e na Ásia?
 
Segundo explica o relatório citado pelo jornal El País, os chineses buscam o know-how das empresas europeias e norte-americanas, passando de uma economia dependente de mão-de-obra barata para uma economia que tem por base o “conhecimento e inovação”.  

Esta tendência explica o facto de 39,4 por cento dos investimentos da China na União Europeia tenham sido direcionados para o setor de fabrico e 25,9 por cento direcionado ao setor de logística e transportes. O investimento nos restantes continentes passa em grande parte por garantir a exploração de recursos naturais, energia e matérias-primas.

De recordar que, ao mesmo tempo que adquire conhecimentos, a China finalizou este ano a compra de uma porta de entrada para a Europa, mais concretamente através da Grécia. A chinesa COSCO ofereceu 1.500 milhões de euros por 51 por cento da empresa pública grega Pireus Port Company, que detém a gestão do porto de Piréu.
Tópicos
pub