Presidente do BPI considera Caixabank "parceiro fundamental" e Santoro "investidor financeiro"

por Lusa

O presidente executivo do BPI comentou hoje o posicionamento dos dois principais acionistas do banco que lidera, considerando o Caixabank um "parceiro fundamental", que ficou no banco nos bons e maus momentos, e a Santoro um investidor financeiro.

"A Santoro em Portugal é um investidor financeiro e tem tomado as posições que conhecem na defesa do interesse que acredita ser o seu interesse", afirmou hoje Fernando Ulrich, em resposta aos jornalistas, na conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco do primeiro semestre.

Já o Caixabank, afirmou o responsável, tem sido um "parceiro fundamental" do BPI.

"É nosso acionista há 21 anos, tem sido absolutamente impecável com o banco, esteve com o banco nos momentos bons e mais difíceis e é com grande orgulho que podemos contar com o gabarito profissional e ético do Caixabank", afirmou Ulrich.

Quanto a Angola, o presidente executivo do BPI fez questão de referir que a operadora Unitel (que tem a Santoro nos principais acionistas, com 25% do capital social) tem sido um "excelente parceiro do BFA [Banco Fomento de Angola]", a operação do BPI naquele país.

Para Ulrich, o Caixabank e a Allianz são parceiros industriais do BPI em Portugal, tal como a Unitel é em Angola do BFA.

A `holding` Santoro é controlada pela empresária Isabel dos Santos, que tem 25% da operadora de telecomunicações Unitel, parceira do BPI no Banco Fomento de Angola.

No início do ano, estalou uma "guerra" entre os principais acionistas do BPI, o espanhol Caixabank, com cerca de 45% do capital social, e a angolana Santoro, de Isabel dos Santos, com cerca de 19%.

Este conflito acionista eclodiu por causa das regras do Banco Central Europeu que obrigam a uma redução da exposição excessiva do banco a Angola, mas fez perceber a falta de entendimento não só quanto a uma solução para este problema mas também numa estratégia para o BPI, levando a um impasse que dura desde então.

No âmbito deste caso, ganhou relevância o tema da desblindagem de estatutos do BPI, que impede qualquer acionista de votar com mais de 20%, independentemente da participação acionista que tenha.

Por isso, apesar de o CaixaBank ter cerca de 45% do capital social do BPI, tem praticamente o mesmo poder da `holding` Santoro, que tem cerca de 19% do capital.

Na sexta-feira passada, realizou-se uma assembleia-geral extraordinária só sobre este tema, mas a reunião foi suspensa por 45 dias depois de ter sido conhecida uma providência cautelar colocada pelo acionista Violas Ferreira Finantial.

No tema da desblindagem de estatutos, Caixabank e Allianz são a favor, enquanto Santoro, Banco BIC (de que Isabel dos Santos também é acionista) e família Violas estão contra.

No meio deste conflito acionista que opõe espanhóis e angolanos, em fevereiro o Caixabank anunciou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o BPI.

Os espanhóis oferecem 1,113 euros por ação, avaliando o banco em 1600 milhões de euros, mas a oferta está condicionada à eliminação dos limites aos direitos de votos dos acionistas, pelo que se a proposta de desblindagem de estatutos não avançar a OPA também deverá cair por terra.

A administração do BPI já fez saber publicamente que é a favor da desblindagem de estatutos, o que retiraria poder a Isabel dos Santos.

O Banco BPI registou um resultado líquido de 105,9 milhões de euros entre janeiro e junho, uma subida homóloga de 39,1% face ao lucro apurado em igual período do ano passado, revelou hoje a instituição.

A atividade doméstica deu um contributo de 24,5 milhões de euros e a atividade internacional de 81,4 milhões de euros, dos quais 79,1 milhões de euros provenientes do Banco de Fomento Angola (BFA).

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