Primeiro-ministro diz que negociações resultaram "numa boa parceria"

por RTP com Lusa
Pedro Nunes - Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que as negociações entre o Governo e o consórcio Gateway sobre a TAP "não foram fáceis", mas resultaram "numa boa parceria", realçando que o Estado não pretende intervir na gestão diária da empresa.

"É com muita satisfação que iremos ser sócios", disse António Costa na cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e o consórcio de Humberto Pedrosa e David Neeleman, que devolve ao Estado 50% do capital da transportadora aérea nacional, dando os parabéns a quem negociou a alteração da titularidade do capital.

"Houve um conflito sobre opções políticas tomadas em Portugal, mas que são estranhas naturalmente aos privados que adquiriram a TAP, um conflito que está resolvido democraticamente", declarou, realçando que foi resolvido com a garantia dos direitos dos acionistas privados e o cumprimento da lei.

António Costa considerou "positivo" que as negociações tenham sido difíceis, porque "significa que na fase de negociações se enfrentaram e se resolveram os problemas. Não há nada pior do que deixar problemas por resolver".

Para o primeiro-ministro, que durante a campanha prometeu que maioria do capital da transportadora voltaria à posse do Estado, realçou que "era essencial garantir a perenidade da visão estratégica da empresa e do seu papel ao serviço de Portugal e da economia nacional".

"Já tive oportunidade de dizer que os aviões da TAP são as nossas caravelas de há 500 anos e, por isso, é preciso garantir que aquilo que era provisório a dez anos e a 30 seja perene", declarou o governante.

O primeiro-ministro está confiante no futuro, porque os sócios têm "interesse comum", porque "o que é bom para a TAP é bom para o país".

Ainda antes de concluir, Costa repetiu que "os direitos foram garantidos. Portugal é um estado de direito que respeita e procura o investimento direto estrangeiro".

O Governo de António Costa vai pagar 1,9 milhões de euros para o Estado ficar com 50% da TAP (em vez de 34%), resultado das negociações com o consórcio Gateway, que tinha 61% do capital da companhia e que agora fica com 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.

"Boa vontade e diálogo permitiram casamento"
O empresário Humberto Pedrosa, que lidera o consórcio Gateway, afirmou que está confortável com o acordo assinado com o Governo, referindo que a "boa vontade e diálogo permitiram o casamento".

"Inicialmente disse que o nosso projeto e o do Governo não casavam, mas a boa vontade de ambas as partes e o diálogo permitiram que terminasse em casamento, como não podia deixar de ser entre pessoas de boa-fé", afirmou hoje Humberto Pedrosa, na cerimónia de assinatura do memorando de entendimento, no Ministério do Planeamento e Infraestruturas, em Lisboa.

O líder do consórcio Gateway resumia assim a mudança de opinião em relação à titularidade do capital, que esteve a ser negociado com o Governo de António Costa, desde que este tomou posse.

"Chegámos a um acordo de 50%-50% de participação social, pelo que a empresa será privada", declarou.
Situação da TAP é preocupante

O empresário David Neeleman diz que as decisões não podem ser políticas, mas sim focadas na empresa e nos funcionários, porque a situação é preocupante.

"A situação da TAP é crítica e a empresa tem de ser salva. Claro que é difícil quando há mudanças", afirmou David Neeleman.

O empresário afirma "que está muito focado nos funcionários da TAP. As pessoas merecem o melhor".

Segundo Neeleman, "a empresa está a queimar muito dinheiro. E tem que ter mudanças. E essas mudanças têm de ser feitas com decisões que fortaleçam a empresa durante décadas".
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