O novo presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), António Domingues, afirmou que a recapitalização do setor bancário aconteceu a um ritmo "mais lento e mais tardio" do que aquele que devia ter acontecido.
António Domingues frisou que, como contribuinte, seria contra a atual privatização da CGD, pelo facto de os ativos terem de ser vendidos quando têm valor e não quando não o têm.
"A caixa é, destacadamente, o maior banco do mercado e espero que assim continue a ser", salientou.
O presidente da CGD realçou que em 2015 o banco teve um "excelente" desempenho em termos de ganhos de operações financeiras, sobretudo em dívida pública, mas quando comparado com outros bancos, os custos foram bastante menos reduzidos.
A título de exemplo, António Domingues explicou que, desde 2007 até 2015, o BCP reduziu o número de trabalhadores em 31 por cento, as agências em 24 por cento e os custos operacionais totais em 42 por cento.
O BPI, no mesmo período, reduziu 23 por cento dos seus funcionários, 15 por cento dos balcões e 17 por cento dos seus custos operacionais. E a CGD apenas diminui 13 por cento do número de trabalhadores, seis por cento das agências e nove por cento dos custos operacionais, uma das situações que obrigou à sua recapitalização.
António Domingues considerou que o Estado, enquanto acionista, tem de se comportar como investidor privado e cumprir as regras como investidor privado, porque a missão de um banco é defender os clientes e financiá-los, tendo de ter para isso boas condições financeiras.
Para que a recapitalização da caixa fosse aprovada, foi preciso traçar um plano estratégico e de negócios credível, um modelo de governação que assegurasse a independência da gestão e uma política de remunerações e incentivos em linha com o que os concorrentes praticam, recordou.
Na semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse no Parlamento que o novo presidente do Conselho de Administração da CGD vai ganhar 423 mil euros anuais (brutos) e os vogais executivos vão auferir 337 mil euros por ano (brutos), a que se soma a remuneração variável em função dos resultados obtidos.
No final do debate, António Domingues recusou prestar qualquer declaração aos jornalistas.