Risco de novo resgate deve travar "cedências populistas e demagógicas"

por Lusa

Porto, 12 fev (Lusa) -- O copresidente executivo da Sonae, Ângelo Paupério, alertou hoje que "o risco de Portugal precisar de um novo resgate internacional é ainda real", pelo que o "esforço" de consolidação orçamental não deve ser "desperdiçado" com "cedências populistas e demagógicas".

"A crise económica e a instabilidade política trouxeram dúvidas que estão bem longe de ser dissipadas. Promoveram-se medidas de correção que foram polémicas, mas necessárias. Esperemos que o esforço que foi pedido não seja desperdiçado com cedências populistas e demagógicas", afirmou Paupério durante um almoço-debate organizado no Porto pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa.

Embora considerando que "o risco de Portugal precisar de um novo resgate internacional é ainda real", continuando a ser "usado no discurso político" e "receado por investidores", o responsável do grupo Sonae -- assumindo-se como "um otimista" - defendeu existirem "motivos concretos para não se estar pessimista".

"Acreditamos na continuação da recuperação económica de Portugal", disse, afirmando a disponibilidade dos empresários, e da Sonae em particular, "para cumprirem o seu papel", mas admitindo algumas dúvidas sobre se "os poderes políticos estão à altura dos desafios".

Questionado pelos empresários presentes sobre como encara o Orçamento do Estado para 2016, Paupério apontou-lhe uma "margem de manobra curta", mas com "alguns espaços para decisões e opções que os governos legítimos têm legitimidade para fazer".

"Para as empresas é muito importante que haja clareza para que se possam planear os investimentos, o que implica estabilidade do quadro de regras", afirmou, acrescentando reconhecer "até, no discurso deste Governo, alguma preocupação com essa necessária estabilidade".

Embora rejeitando para o futuro "qualquer cenário que não seja a defesa da Europa", Ângelo Paupério afirmou existirem "dificuldades políticas difíceis que têm que ser ultrapassadas" na União Europeia, que "vive um momento de conjugação de crises em simultâneo", que exige "lideranças muito inspiradoras e capazes de mobilizar grandes massas, o que ainda não aconteceu".

Relativamente à Sonae, Paupério garantiu que continua "atenta às oportunidades de investimento internacional em áreas que reforcem o seu `portfolio` e as suas competências", apontando como objetivo "crescer fora pelo menos tanto como em Portugal", onde em 2016 o grupo pretende "aumentar de forma significativa o volume de investimento".

pub