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Schäuble diz que o bom caminho ainda não permite a Portugal "estar bem"

por Marcos Celso - RTP
Os conselhos a Portugal

O ministro alemão das Finanças confessa desejar que Portugal não volte a ter de novo os problemas que existiam há alguns anos.

Em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin), em Bruxelas, Wolfgang Schäuble aconselhou o Governo de António Costa e o país a "contrariarem as inseguranças nos mercados financeiros".

O ministro germânico refere mesmo que o percurso de Portugal - com o Programa de Assistência Financeira -, assim como no pós-troika, ainda é insuficiente para convencer os mercados, e estes demonstram "inseguranças" refletidas nos juros da dívida portuguesa. Por isso, o governante alemão entende que o "bom caminho ainda não permite estar bem", numa alusão a Portugal.

Os conselhos de Schäuble a Portugal

Um discurso que é direcionado para Mário Centeno, demonstrando, assim, a visão germânica sobre o papel que se espera do responsável pela pasta das Finanças portuguesa, e a quem Schaüble diz que sabe quais são as obrigações que Portugal tem de fazer de modo a contrariar as inseguranças nos mercados financeiros, pois também sabe - referindo-se a Mário Centeno - "que Portugal estava no bom caminho. Mas este bom caminho ainda não permite Portugal estar bem. É este o ponto da situação. Trata-se apenas do desejo de não voltar a ter de novo os problemas que existiam há alguns anos em Portugal", afirmou.

As palavras de Schäuble refletem ainda "a preocupação" que os ministros europeus têm com os aumentos das taxas de juros da dívida portuguesa nos mercados financeiros.

"É isso que nos preocupa e todos os ministros das Finanças têm conhecimentos suficientes para saber que isto representa uma carga adicional para o orçamento", observou o ministro, acrescentando que as autoridades nacionais devem "evitar qualquer situação geradora de insegurança nos mercados".

"E aparentemente foram criadas algumas inseguranças. E isto foi devidamente apontado pela Comissão", disse.


Foto: reuters

Já na quinta-feira, à entrada para a reunião dos ministros da zona euro, Schäuble tinha notado a necessidade de Portugal não se desviar do caminho, até porque os mercados tinham mostrado algum nervosismo.

Uma palavra tranquilizadora é como o diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, Klaus Regling, na conferência final do Eurogrupo, recebeu o compromisso de Portugal a preparar medidas adicionais que podem ser necessárias, já que os mercados reagiram negativamente às incertezas orçamentais.

O Eurogrupo subscreveu na quinta-feira a análise da Comissão Europeia, que na passada sexta-feira, deu `luz verde` ao plano orçamental depois de Lisboa ter apresentado medidas adicionais, cujo impacto global estimado variará entre os 970 milhões de euros (expectativas de Bruxelas) e os 1.125 milhões de euros (projeções do Governo).

A diferença de 155 milhões de euros que não impediu a Comissão de dar o seu aval ao projeto orçamental, embora apontando para os riscos de incumprimento.

O Eurogrupo pediu a Portugal para trabalhar em medidas adicionais, que podem ser aplicadas se necessário para garantir que o país cumpre os compromissos europeus.

c/ Lusa
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