Sindicato receia cavalo de Tróia privado na recapitalização da Caixa

por RTP com Lusa
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O Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (Sintaf) manifestou a sua apreensão sobre o papel que investidores chamados a participar na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos possam desempenhar, como agentes de uma estratégia de privatização.

O Sintaf, em comunicado citado pela agência Lusa, considerou "pouco claro uma dessas tranches (cerca de 500 milhões de euros) ser em acções da Parcaixa". Para além de pouco claro, considerou "grave" uma outra notíca, relativa a 1.000 milhões de euros que seriam "associados a emissão de dívida junto de privados, o que poderá agravar o endividamento do Estado, ou perspetivar uma possibilidade de entrada direta de capital privado na CGD, com as nefastas consequências que daí advirão".

O sindicato, filiado na CGTP preconizou por outro lado que os 2.700 milhões de euros previstos para a recapitlização sirvam de "de instrumento que possa ter impacto visível na internacionalização das PME portuguesas e apoio à exportação, não descurando o apoio interno às pessoas e famílias e a necessária e importante ligação à diáspora". No polo oposto, dever-se-á evitar uma redução do papel da Caixa e os consequentes despedimentos.

Embora sem dar como certo que se enverede por este caminho mais criticável do seu ponto de vista, o Sintaf sublinhou que os esclarecimentos prestados em conferência de imprensa na quarta-feira à tarde pelo ministro Mário Centeno "não permitem uma resposta mais profunda, já que não sabemos o destino das diversas componentes dos quantitativos envolvidos no processo de recapitalização".

O sindicato continua a defender que a CGD seja "regulador e referência no setor bancário, o que implica que mantenha como acionista único o Estado e esteja devidamente capitalizada".

O Governo, procurando antecipar-se às reservas previsíveis sobre um possível cavalo de Tróia privado, apostado na privatização da CGD, afirmara entretanto que o instrumento financeiro a emitir não seria convertível em ações da CGD - "assegurando-se a manutenção da CGD como um banco integralmente público".
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