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Assis afasta-se de "confronto de claques" pelo lugar de Costa

por Carlos Santos Neves - RTP
“Teremos que evitar a tribalização do partido”, afirma Francisco Assis em dia de Comissão Política Nacional dos socialistas Lusa

Francisco Assis saiu esta terça-feira a público para se autoexcluir da contestação à liderança de António Costa, considerando “extemporânea” a discussão encetada logo na noite das eleições legislativas. Em dia de Comissão Política Nacional do PS, o eurodeputado adverte para o calendário eleitoral: “Temos eleições presidenciais dentro de três meses”.

Nas horas subsequentes ao desfecho do escrutínio de domingo, o nome de Francisco Assis tornou a emergir como potencial candidato a secretário-geral do PS. Ao fim de quase 48 horas de silêncio, é o próprio quem dá por afastada essa possibilidade.

“Considero extemporânea qualquer discussão sobre a liderança do PS”, afirmou o eurodeputado socialista, em declarações recolhidas pela agência Lusa.O PS, defende Francisco Assis, deve canalizar energias para as presidenciais, evitando gastá-las “em disputas internas fora de tempo”.


“Não podemos perder de vista que temos eleições presidenciais dentro de três meses e é agora ainda mais importante garantir a eleição de um Presidente da República oriundo do nosso espaço político”, acentuou.

Na contagem decrescente para a reunião da Comissão Política Nacional socialista, que deverá debruçar-se sobre a realização de eleições diretas e de um congresso, por iniciativa de António Costa, Assis adverte para o que considera ser a necessidade de “um PS forte”, dotado de um “rumo” e “elevado sentido de responsabilidade institucional”.

Um PS, acrescenta, que deve liderar a oposição sem descurar a estabilidade política.

Quanto ao escrutínio, Francisco Assis assinala a significativa alteração da “realidade política nacional”: “A coligação de direita ganhou as eleições, mas perdeu a maioria absoluta; o PS, subindo ligeiramente, ficou aquém dos objetivos expectáveis e a extrema-esquerda parlamentar reforçou a sua expressão”.

“Face a este cenário, ao PS incumbem especiais responsabilidades de todo em todo incompatíveis com atitudes precipitadas e declarações imponderadas”, estimou.
“Consequências”

Ainda segundo Assis, no atual momento “exige-se a todos os militantes - e em especial aos seus dirigentes – que mantenham a serenidade e a elevação imprescindíveis à realização de uma indispensável discussão acerca do nosso presente e do nosso futuro”.PSD e CDS-PP venceram as legislativas com 38,55 por cento dos votos, aquém da maioria absoluta. O PS obteve 32,38 por cento.

“Como tal teremos que evitar a tribalização do partido, a sua transformação num espaço de confronto de claques, a consagração da disputa personalizada em detrimento de uma séria reflexão de que não deveremos prescindir”, rematou.

Também Ana Gomes entende que “não serve a ninguém, neste momento, ter uma crise no PS”. Todavia, a eurodeputada não deixa de frisar que devem “ser retiradas consequências da derrota” de domingo.

“A convocação de um congresso vai no bom sentido, sem que se abra de imediato um vazio na liderança”, ressalvou a antiga diplomata, para sustentar que os socialistas ainda podem desempenhar o “papel histórico” de liderar a convergência da esquerda ou, no mínimo, travar as “malfeitorias que a direita tem reservadas”.

Conhecidos os resultados, nomes conotados com António José Seguro, entre os quais António Galamba, António Braga e Mota Andrade, vieram reclamar a saída de António Costa. Por sua vez, Álvaro Beleza, da Comissão Política socialista, disse-se disponível para disputar a liderança.

A Comissão Política Nacional do PS reúne-se a partir das 21h30 desta terça-feira, cerca de hora e meia após a esperada comunicação do Presidente da República ao país.

c/ Lusa
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