BE reitera rejeição a Governo PSD e CDS-PP

por Lusa

Lisboa, 05 out (Lusa) - O líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, reiterou hoje que o partido rejeitará um Governo de PSD e CDS-PP, considerando que a maioria de esquerda no parlamento deve trazer "consequências" à coligação.

"Da nossa parte já dissemos ontem [domingo] o que é que iríamos fazer, Catarina Martins anunciou claramente que o Bloco de Esquerda rejeitará que PSD e CDS continuem no Governo", afirmou o dirigente à margem na cerimónia solene do 105.º aniversário da implantação da República, em Lisboa.

Pedro Filipe Soares afirmou também que "se hoje há uma maioria de deputados e deputadas que diziam que não queriam PSD e CDS no Governo e que diziam que não queriam continuar com a austeridade, então que haja consequências".

"Não é compreensível que, tendo havido umas eleições, elas tendo mudado a composição da Assembleia da República e tendo retirado a maioria absoluta a PSD e CDS, tudo fique igual para PSD e CDS no Governo, seria incompreensível para aqueles que votaram na esperança de um resultado diferente e de uma outra política", vincou.

O dirigente considerou ainda que a decisão da posse de Governo cabe ao "desaparecido da cerimónia", referindo-se ao Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, tendo-se congratulado com a perda da maioria absoluta pela coligação PSD e CDS-PP.

"Ficámos bastante satisfeitos porque a maioria perdeu a maioria absoluta, PSD e CDS já não são a maioria dos deputados na Assembleia da República e por isso perderam também o poder absoluto", acrescentou, referindo-se aos resultados das eleições legislativas de 04 de outubro.

Questionado sobre referências do secretário-geral do PS, António Costa, a uma "maioria negativa", o deputado do BE afirmou que "uma maioria negativa foi aquela que governou o país durante quatro anos".

"Da nossa parte assumimos toda a responsabilidade pelo resultado que nos foi dado ontem [19 deputados eleitos no domingo] e assumimos esse compromisso, de lutar por políticas de esquerda que protejam as pessoas, os salários e as pensões" ", salientou o dirigente.

Pedro Filipe Soares frisou ainda que o BE já se mostrou disponível para se sentar à mesa com o PS, desafio feito a António Costa por Catarina Martins, que ficou "ainda sem resposta".

"Da parte do BE já dissemos ao que vimos, quais são os compromissos que aceitamos fazer e a nossa disponibilidade", rematou.

A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu com 38,55% dos votos (o que representa 104 deputados), tendo perdido a maioria absoluta, e o PS foi o segundo partido mais votado, com 32,38% (85 deputados), estando ainda por atribuir quatro assentos na futura Assembleia da República, referentes aos círculos da emigração.

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