Oposição considera discurso de Cavaco expectável e de Passos pouco relevante

por João Ferreira Pelarigo - RTP
Pedro Passos Coelho foi esta sexta-feira empossado primeiro-ministro do XX Governo Constitucional Tiago Petinga, Lusa

Os partidos da oposição já reagiram ao discurso do presidente da República por ocasião da cerimónia de posse do XX Governo Constitucional, chefiado por Pedro Passos Coelho. O Partido Socialista subscreve as considerações de Cavaco Silva sobre a fragilidade do país e o Bloco de Esquerda diz que foi empossado um Governo que está a prazo. O PCP acusa o chefe de Estado da atual situação política. Os Verdes dizem que Cavaco insiste na negação. Já o PAN considerou o discurso "expectável" tendo em conta o momento de "tensão".

Pedro Passos Coelho foi esta sexta-feira empossado primeiro-ministro do XX Governo Constitucional, pelo Presidente da República, durante uma cerimónia no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Na cerimónia, Cavaco Silva sublinhou que o executivo de Passos Coelho tem plena legitimidade constitucional, destacando que em quatro décadas de democracia a responsabilidade de governar sempre coube a quem ganhou as eleições.

Carlos César, o líder parlamentar socialista, disse concordar com Cavaco Silva acerca das "fragilidades" de Portugal ao nível económico-financeiro, do respeito pelos compromissos externos e da necessidade de estabilidade política.

"O PS tem consciência da situação que o país hoje atravessa e não pode deixar de subscrever, entre outros aspetos, algumas das considerações feitas pelo senhor presidente da República, desde logo o reconhecimento das fragilidades económicas, sociais e financeiras que o país atravessa e conserva", disse Carlos César, citado pela Lusa.

O líder do PS destacou ainda que essas fragilidades contrastam com a propaganda eleitoral que foi feita pela direita ao longo da campanha.

"Subscrevemos igualmente que o nosso país, sem estabilidade, não tem governabilidade e, por isso, temos insistido que este Governo hoje empossado tem um potencial de instabilidade e que tem o vírus da sua incapacidade na promoção de uma maioria parlamentar", acusou o ex-presidente do Governo Regional dos Açores, acrescentando que o PS "está a trabalhar na constituição de um acordo para a existência de um Governo com apoio parlamentar estável para uma legislatura".

No que toca ao discurso de Pedro Passos Coelho, os socialistas defendem que o conteúdo "não foi especialmente relevante".
Governo a prazo
Pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias disse que Cavaco Silva deu posse a um Governo "que está a prazo". A candidata à Presidência da República acusou ainda Passos Coelho de estar "em pré-campanha para 2019".

"Acabámos de assistir a uma tomada de posse de um Governo que está a prazo, de um Governo condenado e de um primeiro-ministro que aproveitou esta ocasião para fazer um discurso, não de apresentação de um Governo, mas já uma pré-campanha eleitoral para 2019", sustentou Marisa Matias.

O BE considerou ainda que o chefe de Estado "aproveitou a ocasião para fazer um louvor ao Governo cessante", acrescentando que "não cabe ao presidente da República rejeitar, aprovar ou condicionar o programa do Governo e foi isso que vimos".
PCP acusa Cavaco
João Oliveira, o líder parlamentar do Partido Comunista, disse sobre a tomada de posse do XX Governo Constitucional que Cavaco Silva é responsável pela atual situação política do país.

"É cada vez mais clara a extensão e dimensão da responsabilidade [de Cavaco] pela instabilidade que criou no país ao decidir indigitar Passos Coelho para formar Governo", reiterou João Oliveira.

Quanto às negociações com o Partido Socialista, o PCP diz não sentir "instabilidade nenhuma", destacando que os comunistas pretendem através das suas políticas responder às necessidades dos portugueses.
PR permanece em "negação"
Os Verdes acusam Cavaco Silva de permanecer em "negação" face ao resultado das últimas legislativas. O partido reforçou a ideia de que "existem condições" para ser formado um executivo da iniciativa do PS.

Os ecologistas consideram que o presidente da República "continua em estado de negação no que respeita ao resultado eleitoral que levou o PSD e o CDS a perderem a maioria" parlamentar.

"O Governo hoje empossado é um Governo que não tem condições para fazer passar um programa na Assembleia da República e, por isso, caso todos os partidos assumam as suas responsabilidades, este executivo será inviabilizado nos próximos dias 9 e 10 de novembro, dias para os quais está agendada a discussão do programa do Governo, sujeito a moções de rejeição já anunciadas", afirmam.
Discursos expectáveis face a momento de "tensão"
Do lado do Partido Pessoas-Animais-Natureza, André Silva afirmou que os discursos de Cavaco Silva e de Passos Coelho na cerimónia de tomada de posse do Governo foram "expectáveis" face ao atual momento de "tensão" política no país.

O presidente da República e o primeiro-ministro tiveram "discursos expectáveis" face ao "momento de divisão e tensão" que atravessa a política nacional, sublinhou André Silva.

O Governo vai apresentar o seu programa à Assembleia da República nos próximos dias 9 e 10 de novembro. O Partido Socialista, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda anunciaram a intenção de apresentar moções de rejeição que, no caso de serem aprovadas, implicam a demissão do executivo.
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