PCP disposto a participar em solução governativa com o PS

por RTP
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP João Relvas, Lusa

Em conferência de imprensa realizada no final da reunião de hoje do Comité Central do PCP, o secretário-geral daquele partido, Jerónimo de Sousa, afirmou que só não haverá uma alternativa à coligação de direita se o PS não quiser.

Jerónimo de Sousa afirmou nomeadamente que um novo Governo da coligação Passos Coelho/ Portas "só se materializará" (...) se o PS optar por convergir com PSD/CDS, defraudando o sentido de voto de milhares de portugueses".

"Neste novo quadro político, o PS só não forma Governo porque não quer. Nada o impediria de se apresentar disponível". Para isso, acrescentou ainda o líder comunista, o PS deveria dar sinais de uma "vontade de rutura com a política de direita".

A cuidadosa escolha de palavras de Jerónimo de Sousa indica que o PCP estaria disposto a viabilizar um Governo do PS, sem reclamar necessariamente uma participação de ministros ou secretários de Estado comunistas. Essa viabilização não seria, contudo, incondicional, porque Jerónimo de Sousa enunciou, quase no mesmo fôlego, vários pontos para a política económica e social cuja adopção considera importante no programa do Governo.

Ao programa de um Governo PSD/CDS, o PCP apresentará uma moção de rejeição, afirmou também o secretário-geral do PCP.

Uma orientação anunciada
Já no final da comemoração do 5 de Outubro, antes portanto da reunião do órgão máximo do PCP entre congressos, o líder parlamentar comunista, João Oliveira, dera uma indicação importante sobre o que poderia esperar-se do Comité Central, ao afirmar que o PS "devia tentar formar um Governo" à esquerda, e ao dizer que a CDU está disponível "para construir uma política alternativa".

Ainda segundo Oliveira, citado pela agência Lusa, "o PS devia tentar formar um Governo, respeitando a confiança que lhe foi dada pelos eleitores para romper este caminho que tem vindo a ser seguido por este Governo e tentar encontrar uma política alternativa". E sublinhara também que os votos da CDU "contarão sempre para romper com esse caminho  [da direita] e para construir uma política alternativa".

"Nós, diariamente, na Assembleia da República, apresentamos propostas que dão conta da nossa disponibilidade para construir uma política alternativa. É facto que, na maior parte das vezes quando vamos à votação, percebe-se que nem todos estão disponíveis, mas nós todos os dias damos provas disso e continuaremos a fazer esse trabalho", adiantou.

Porém, para João Oliveira, o PS "está-se a disponibilizar para viabilizar [...] a continuação da mesma política", mesmo numa altura em que "o Governo do PSD e do CDS deixou de ter condições na Assembleia da República para governar sozinho".

O líder da bancada parlamentar comunista lembrou também que "ainda há pouco tempo, há cerca de um ano atrás, tivemos um encontro com o Partido Socialista, onde discutimos abertamente as posições e as perspetivas que tínhamos em relação ao país".
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