PS e BE aproximam-se de base de "solução governativa estável"

por RTP

Foto: Tiago Petinga - Lusa

António Costa esteve esta segunda-feira reunido com Catarina Martins na sede do Bloco de Esquerda. Ao cabo de duas horas, afirmou que foi "uma reunião muito interessante", que permitiu identificar "várias matérias passíveis de convergência" e "alargar o que possa ser a base de sustentação de uma solução governativa estável para o país".

A comitiva socialista integrava o presidente do PS, Carlos César, os dirigentes Ana Catarina Mendes e Pedro Nuno Santos e o coordenador do cenário macroeconómico socialista, Mário Centeno.

"Tivemos com o Bloco de Esquerda uma reunião muito interessante, onde foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergência entre os dois partidos”, afirmou Costa no final de uma reunião de duas horas com o Bloco de Esquerda.

“Sabemos que somos partidos com uma natureza diferente, as divergências são públicas e não faz sentido debatê-las. Faz sentido trabalharmos para que, no novo quadro parlamentar que temos, termos uma solução para que o país possa ter um governo que seja estável e que corresponda à vontade popular de que exista uma alteração política, no respeito escrupuloso pelo quadro constitucional ”, acrescentou.

Ainda segundo António Costa, na reunião com o BE “foram identificadas matérias que podem dar suporte a um entendimento sólido, estável, que permita trabalhar neste novo quadro parlamentar”.

“Ficou assente que iriamos agora desenvolver um conjunto de trabalho técnico que permita concretizar esses pontos, limar divergências, ou procurar, pelo menos, reduzir esse grau de divergências e alargar aquilo que possa ser a base de sustentação de uma solução governativa estável para o país”, frisou.

Questionado sobre as matérias de divergência e de convergência entre as duas forças políticas, Costa alegou que "não seria útil para o bom sucesso" das conversações "estar a esmiuçar quais são esses pontos".
As três condições
O Bloco de Esquerda tornou públicas três condições relativamente ao programa socialista: em matéria de emprego (fim da proposta de despedimento conciliatório), pensões (não ao congelamento defendido no programa do PS) e Segurança Social (rejeição da diminuição da TSU).

Apesar do que ainda separa os partidos, o líder socialista sinalizou “um objetivo que é comum. É o objetivo da recuperação dos rendimentos das famílias portuguesas e em particular a recuperação de rendimentos das famílias com mais baixos rendimentos”.

Para António Costa, “havendo um objetivo comum, há obviamente formas diversas de procurar alcançar esse objetivo. E verificámos que há margem para, no quadro das reuniões que se vão seguir, podermos aproximar posições e reduzir divergências”.
Reunião da Comissão Política adiada
O secretário-geral do PS revelou que a Comissão Política, que estava agendada para terça-feira, foi adiada porque ainda não foram entregues as propostas da coligação PSD/CDS-PP.

"Cheguei mesmo a pensar que essa reunião pudesse ter lugar já na terça-feira, mas, neste momento, penso que não há condições para o fazer visto que a coligação PSD/CDS ainda não nos enviou os documentos que ficou de enviar".

Em relação a um eventual referendo interno no PS, Costa recordou que tem “um mandato, que foi conferido pela esmagadora maioria da Comissão Política do PS, para no novo quadro parlamentar estabelecer contactos com todas as forças políticas para procedermos à avaliação da criação de condições para que haja um governo estável em Portugal na próxima legislatura”.

“Que corresponda àquilo que é a vontade profunda, que os portugueses manifestaram nas eleições. Que haja uma mudança de política relativamente àquilo que foi a política seguida pela atual coligação no Governo”, acrescentou.

“É esse mandato que tenho vindo a cumprir. Quando tivermos em condições de dar por concluído o trabalho e de podermos fazer a avaliação das condições que existem, convocarei a Comissão Política do PS para que proceda à sua análise e determine os caminhos a seguir”, rematou.

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