A empresa que paga o sono dos trabalhadores

por Jorge Almeida - RTP
Suzanne Plunkett - Reuters

Para os empregados da companhia de seguros Aetna, vale a pena ter uma boa noite de sono. Podem receber prémios até 269 euros por ano.

A segura norte-americana Aetna incentiva os seus trabalhadores a inscreverem-se num plano que prevê o pagamento de prémios no caso de dormirem - pelo menos - sete horas por noite.

Os trabalhadores podem receber 22 euros por cada 20 noites em que dormem sete ou mais horas, até ao limite de 269 euros num ano.

A iniciativa foi posta em prática em 2009 e em 2015, participaram 12 mil dos 25 mil funcionários da empresa.
Sono dos justos
Os trabalhadores gravam o seu sono automaticamente, usando um monitor de pulso que está ligado aos computadores da companhia.

A vice-presidente de Recursos Humanos da Aetna, Kay Mooney, afirma que “o regime de sono é um dos muitos comportamentos saudáveis diferentes que queríamos que a nossa equipa adotasse”.

O pessoal da empresa também recebe fundos extra no caso de praticarem exercício físico.

Mooney acrescenta que gosta de ver “um laboratório vivo para ver se a ideia é eficaz para outros grandes empregadores”. E no caso dos trabalhadores que estejam a enganar o patrão? “Não estamos preocupados, é o nosso sistema de honra, nós confiamos no nosso pUm estudo da Universidade da Califórnia concluiu que as pessoas que dormem menos seis horas por dia têm quatro vezes mais probabilidades de contraírem uma constipação.essoal”.

O desejo da Aetna, para que os seus colaboradores durmam no mínimo sete horas por noite, surge na sequência de um estudo da Academia Americana de Medicina do Sono. Um trabalhador normal nos Estados Unidos perde 11,3 dias de trabalho, ou 2.045 euros (2.080 dólares) por ano devido à privação do sono.

O problema é para levar a sério. Calcula-se que este fator signifique uma perda anual de 63,2 milhões de dólares na economia dos Estados Unidos.

Um estudo europeu de 2015, da Rand Corporation, chegou à conclusão de que “o pessoal que dorme menos de sete horas por noite, tem uma perda maior de produtividade em relação aos colegas que dormem mais de oito horas por noite”.
Burnout não é preço a pagar pelo sucesso
A fundadora e responsável pelo site de notícias Huffington Post, Arianna Huffington, lançou-se numa cruzada para convencer outros lideres empresariais a dormir o suficiente. Ela diz que até 2007 era um exemplo clássico do chefe que tentava sobreviver com muito pouco sono – muitas vezes três horas por noite. Até que um dia desmaiou no escritório devido à exaustão.

Em declarações à BBC, afirmou: “Durante muitos anos contribuí para o meu falhanço, ao ter a ilusão de que o burnout é o preço necessário que devemos pagar para o sucesso”.

Arianna Huffington é autora do livro, "A Revolução do Sono". Foto: Denis Balibouse - Reuters.

Quando a jornalista alterou radicalmente os seus hábitos melhorou substancialmente a performance no trabalho. Passou a dormir pelo menos oito horas de sono por noite, meteu no quarto cortinas opacas e assegurou-se de que todos os dispositivos digitais estavam longe da sua cama.

As melhorias que sentiu foram de tal forma que decidiu escrever um livro que se tornou um best-seller: “A Revolução do Sono: Transformar a sua vida” (Harmony, Abril de 2016). Por enquanto, a obra ainda não tem edição portuguesa.
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