"A paz é condição essencial mas não basta", diz Nyusi

por Lusa

O Presidente de Moçambique, Filipe Nuysi, disse hoje que a paz é insuficiente para os desafios que o país enfrenta, embora seja a primeira para que todas as restantes prioridades do seu Governo se concretizem.

"A paz é condição essencial mas não basta. Sabemos que, ao mesmo tempo e com mesmo empenho, temos de enfrentar os desafios difíceis de uma economia internacional que nos é pouco favorável", afirmou o Presidente moçambicano, discursando num banquete em Maputo oferecido ao homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.

No seu discurso, Nyusi considerou que "os fatores externos não podem justificar um fraco desempenho" do seu executivo, recordando "o impacto combinado de ameaças à paz, da recessão económica e das calamidades naturais" e as prioridades do seu executivo de aumentar a produção, a competitividade e o emprego.

"Moçambique e Portugal continuam a aprofundar uma cooperação económica conseguida em bases sólidas e duradouras", afirmou, desafiando as empresas portuguesas a apostar na indústria de transformação e parcerias com empresariado moçambicano.

Num momento em que Moçambique vive uma crise política, envolvendo confrontos militares com a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, Filipe Nyusi considerou como sua primeira prioridade que "a matança de cidadãos inocentes seja uma página virada na história", referindo que este foi um tema que dominou as conversações entre os dois estadistas na manhã de hoje.

"A paz efetiva não pode ser construída apenas com simples apelos e convites ao bom senso. A paz verdadeira é um processo complexo que implica muito mais do que o simples calar das armas", declarou o chefe de Estado moçambicano, defendendo ainda que "não se constrói com a cobardia, mas é preciso em primeiro lugar que o exercício da violência e da ameaça termine".

Nyusi lamentou a "ainda insuficiente resposta da Renamo", mas reiterou que o diálogo continua a ser "o caminho privilegiado para a construção de consenso de uma paz verdadeira" e que "todas as outras prioridades económicas e políticas precisam que seja cumprida essa condição".

Lembrando o Acordo Geral de Paz, entre Governo e Renamo, que há 24 anos selou o fim de "tempo de balas e sangue", o Presidente Moçambicano manifestou a sua confiança de que, mais uma vez, o seu povo saberá "ultrapassar o momento atribulado".

Filipe Nyusi mencionou o segundo ponto da agenda da reunião que manteve de manhã com Marcelo Rebelo de Sousa, sobre as dívidas ocultadas nas contas públicas, e que levaram à suspensão do financiamento do orçamento do Estado pelo grupo de doadores internacionais, atualmente presidido por Portugal.

"Mais uma vez afirmamos que damos a cara para enfrentar o que existe em Moçambique de forma transparente e aberta", declarou o chefe de Estado, referindo-se à revelação no mês passado de empréstimos garantidos pelo governo anterior, entre 2013 e 2014, para financiar três empresas e aquisição de equipamento militar e que foram ocultados nas contas do país.

Apesar da derrapagem da dívida pública provocada por este caso, da má conjuntura económica e ainda o efeito das calamidades naturais em Moçambique, Nyusi disse que o seu Governo mantém o objetivo de "alcançar as metas macroeconómicas, ainda que tenham sido traçadas de forma ambiciosa".

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