Alemanha: extrema direita pode vencer a democracia cristã em eleição regional

por RTP
A dirigente da AfD Frauke Petry Wolfgang Rattay, Reuters

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) está praticamente empatado com a democracia cristã (CDU) nas sondagens para a eleição regional no Land Mecklemburg-Vorpommern. Se a ultrapassar ficará em segundo lugar numas eleições em que o SPD aparece como provável vencedor.

As sondagens de início deste ano colocavam ainda a AfD a passar com muita dificuldade a fasquia dos cinco por cento que, na Alemanha, é o mínimo exigido a qualquer força política que aspire a um assento parlamentar - tanto a nível dos Länder como a nível federal.

Entretanto, a situação mudou drasticamente e nas mais recentes sondagens a AfD aparece um escasso ponto percentual abaixo da CDU - quase dentro da margem de erro, um empate técnico na disputa do segundo lugar. O cabeça-de-lista democrata cristão Lorenz Caffier poderá nas eleições do próximo domingo sofrer uma derrota de proporções consideráveis.

Além disso, em eleições realizadas em Março, a AfD atingiu uma votação claramente superior àquela que antecipavam as sondagens.uas sondagens recentes

SPD - 27% ou 28%
CDU - 22%
AfD - 21%

Hoje, alimenta a ambição de ganhar realmente as eleições e de encabeçar o governo daquele antigo Land leste-alemão. Nas palavras do seu dirigente e cabeça-de-lista, Leif-Erik Holm, citadas em Der Spiegel: "Queremos ser a força principal no parlamento regional".

Holm tem ganho espaço com fórmulas sonoras e cortantes, mais do que com ideias articuladas. Ele distinguiu-se por falar da "imigração de massas de Merkel", da sua "política anti-alemã", e por classificar o SPD como o "Partido Alemão da Scharia", em jogo de palavras com as iniciais do nome partidário. E tem frases como esta: "Os índios [norte-americanos] não conseguiram parar a imigração. Hoje vivem em reservas".

A crise dos refugiados alimentou os receios de uma parte da população, que julga identificar na política de acolhimento da chanceler Angela Merkel um sinal de fraqueza. A AfD tem poucos quadros com preparação para governar e programticamente destaca-se pelo carácter vago e generalista das suas afirmações. Para os problemas mais concretos da região, o seu programa é quase sempre omisso. Mas a vaga de refugiados traz-lhe uma popularidade inesperada.

Holm demarca-se do partido neo-nazi NPD, mas demarca-se sobretudo dos restantes partidos que até agora têm mantido um pacto no sentido de chumbarem todas as moções dos deputados do NPD em Schwerin, capital daquele Land. O dirigente da AfD proclama que votará segundo o mérito das propostas e que não tem pruridos em votar a favor de moções dos neo-nazis se as achar razoáveis.
pub