Alentejo aposta na internacionalização com festival de música sacra

por Lusa

Madrid 11 fev (Lusa) - O diretor-geral do festival de música sacra Terras Sem Sombra considerou hoje, em Madrid, que o evento representa "a maneira muito decidida" como "o Alentejo está a encarar a sua internacionalização", apoiando-se numa "frente latino-americana".

José António Falcão falava à agência Lusa, após uma conferência de imprensa em Madrid, para apresentar a 12.ª edição do festival do Baixo Alentejo, que decorrerá de 27 de fevereiro a 02 de julho, com espetáculos em Almodôvar, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do Alentejo, Odemira, Serpa, Castro Verde e Beja.

"Hoje em dia, o Alentejo está a encarar, de uma maneira muito decidida, a internacionalização, e isso passa, em grande medida, por uma frente ibérica, diria mesmo uma frente latino-americana", disse José António Falcão.

A ideia, salientou, é fazer com que Portugal, Espanha, Brasil e outros países que falam português ou castelhano consigam "criar um espaço de excelência para a música, em particular para a música sacra e religiosa".

O tema do Festival Terras Sem Sombra deste ano é "Torna-Viagem - o Brasil, a África e a Europa".

Numa livraria e discoteca de Madrid, especializada em música clássica - a La Quinta de Mahler -, completamente apinhada de gente, José António Falcão considerou o Festival Terras Sem Sombra (FTSS) "um excelente pretexto para que o público espanhol visite o Alentejo", uma região que "é sinónimo de grande qualidade".

"O Festival Terras Sem Sombra já tem cerca de dez por cento do seu público, vindo de Espanha. Nós damos grande atenção às comunidades locais, portanto, 60% dos nossos espetadores são das próprias terras que o festival visita. Não abdicamos disso, é uma prioridade nossa", explicou à Lusa depois o diretor-geral do evento.

O público espanhol que se desloca ao festival vem de Madrid, de Santiago de Compostela e de Sevilha e Huelva, as duas últimas cidades mais perto do Alentejo.

"O que esperamos é que esta caminhada conjunta nos possa levar, a todos, mais longe", realçou.

Enquadrado na apresentação do programa do Festival de 2016, o Círculo de Bellas Artes acolhe, no domingo, um concerto de cante alentejano. Sobem ao palco os cantadores de Vila Nova de São Bento (Serpa) e Os Ganhões de Castro Verde, assim como os Moços D`uma Cana, para tocar viola campaniça.

"A possibilidade de realizar um espetáculo de cante alentejano e viola campaniça foi preparada com muito cuidado, porque o público espanhol está muito familiarizado com a música popular portuguesa, mas associando-a mais ao fado", disse José António Falcão à Lusa.

O fado, explicou, já conquistou um lugar em Madrid e em Espanha.

"Em contrapartida, outras manifestações de música do nosso país ainda têm de fazer o seu caminho. Poder fazê-lo agora, numa sala de excelência como é o Círculo de Bellas Artes, no coração da cidade, um dos locais mais emblemáticos da cultura de Madrid, é um belíssimo passaporte para que o cante consiga ocupar um lugar que lhe pertence", concluiu.

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