Alguns mamíferos conseguem cheirar debaixo da água e assim detectar alimentos depositados no fundo dos rios ou lagos, graças à produção de bolhas de ar, indica um estudo hoje publicado pela revista Nature.
O professor Kenneth Catania, da Universidade Vanderbilt de Nashville (Esta dos Unidos), fez a descoberta ao estudar o comportamento de duas espécies semiaq uáticas, a toupeira de nariz estrelado (Condylura cristata) e o musaranho aquáti co (Sorex palustris).
Como os aromas circulam no ar, pensava-se até agora que o olfacto se perdi a na água.
Porém, o estudo agora publicado mostra que pelo menos aqueles dois mamífer os conseguem gerar bolhas de ar que veiculam os cheiros dentro da água.
A experiência consistiu em comprovar se as duas espécies eram capazes de c heirar e identificar objectos depositadas no fundo de um tanque, duas das quais comestíveis (lombrigas e peixes pequenos).
Utilizando uma câmara de alta velocidade, o investigador constatou que, ao dirigir-se aos objectos, a toupeira emitia bolhas pelo nariz que tocavam no obj ecto visado antes de serem de novo inaladas pelo animal.
Cinco toupeiras que participaram na experiência com lombrigas conseguiram detectá-las em pelo menos 75 de 100 casos.
Keneth Catania também observou vários musaranhos com resultados idênticos.
A técnica usada por estes animais consiste em exalar numerosas pequenas bo lhas que depois inalam para extrair moléculas odoríferas.
A descoberta "foi uma surpresa total, porque se julgava que os mamíferos n ão tinham sentido de olfacto debaixo da água", afirmou o autor do estudo.
"Quando os mamíferos se adaptam ao meio aquático, o seu olfacto costuma de generar", acrescentou. "O principal exemplo são os cetáceos, como as baleias e o s golfinhos, a maioria dos quais perderam o sentido olfactivo".
Após esta descoberta, o investigador interroga-se sobre se outros mamífero s, como as lontras ou as focas, terão uma capacidade semelhante.