Caos na reabertura da estação ferroviária de Budapeste

por Andreia Martins, RTP
A circulação de comboios internacionais continua interrompida por tempo indeterminado. Leonhard Foeger, Reuters

Centenas de migrantes e refugiados tomaram de assalto a principal estação da capital húngara. O caos instalou-se esta quinta-feira de manhã, pouco depois do anúncio da reabertura da plataforma. As viagens internacionais para a Europa Ocidental continuam interrompidas, mas os migrantes procuram agora as cidades fronteiriças com a Áustria.

A reabertura de portas aconteceu pouco depois das 8 da manhã (6h15 em Portugal Continental). Segundo um jornalista da agência France Presse no local, os cerca de 2.000 migrantes presos em zona de trânsito no interior da estação desde terça-feira acorreram à plataforma com a abertura das portas principais.

Ainda assim, um altifalante anunciava que os comboios internacionais continuam suspensos “por tempo indeterminado”.

Em comunicado, a entidade que coordena os caminhos de ferro húngaros informava que as ligações diretas entre Budapeste e na Europa Ocidental “não estão ativas até novo aviso”.

Um correspondente da Agência Reuters no local fala de "cenas caóticas" com os migrantes a forçarem a entrada de crianças nos comboios que normalmente efetuam viagens entre a Hungria e países europeus como a Áustria e a Alemanha.
Próxima paragem: Áustria
Com a circulação de comboios com destinos internacionais interrompida, cerca de 200 pessoas entraram esta manhã num comboio que fazia o trajeto entre Budapeste e as cidades de Szombathely e Sopron, duas regiões húngaras na fronteira com a Áustria.


Cerca de 200 migrantes foram retirados do comboio que seguia para a região na fronteira com a Áustria. Laszlo Balogh, Reuters

As autoridades húngaras conseguiram interromper a viagem e evacuaram as carruagens, encaminhando depois os migrantes para um campo de refugiados nas proximidades de Biscke, na Hungria, a quartenta quilómetros de Budapeste, avançou a agência de notícias estatal MTI.

Esta manhã, a polícia austriaca avisava antecipadamente que não vai conseguir controlar a eventual chegada e a saída de migrantes e refugiados. Gerhard Puerstl, chefe da polícia de Viena, alerta: "Não vamos conseguir definir identidades, ou se necessário, prendê-los".
Campo de refugiados improvisado
A estação de Keleti, em Budapeste, estava encerrada desde terça-feira, altura em que as autoridades impediram a passagem de migrantes sem o visto Schengen. Desde então, mais de duas mil pessoas ficaram presas em "zona de trânsito" no interior da estação, um autêntico acampamento de refugiados em condições precárias.


Mais de duas mil pessoas, entre crianças e adultos, ficaram presas numa zona de trânsito no interior da estação de Keleti. Bernadett Szabo, Reuters

Foi precisamente a ausência de "documentos válidos" a justificação oferecida pelas autoridades húngaras para o encerramento da estação por dois dias.

A Hungria é um dos principais pontos de passagem para os migrantes que tentam chegar à Europa Ocidental por comboio ou a pé, vindos da Grécia, Sérvia e Macedónia. Só durante o mês de agosto, o país registou a entrada de pelo menos 50 mil migrantes e refugiados.

Tópicos
pub