Candidato de extrema-direita derrotado nas presidenciais austríacas

por Andreia Martins - RTP
Alexander Van der Bellen, candidato apoiado pelos Verdes, durante uma ação de campanha. Heinz-Peter Bader - Reuters

Norbert Hofer, candidato pelo FPÖ, já reconheceu a derrota na repetição da segunda volta das eleições presidenciais austríacas, que se realizou este domingo. Alexander Van der Bellen, candidato independente apoiado pelos Verdes, obteve 53,6 por cento dos votos, segundo as primeiras projeções.

Uma vitória de Áustria "pró-europeia", uma promessa em lutar pela "liberdade, igualdade e solidariedade". É assim que Alexander Van der Bellen classifica, numa curta declaração televisiva, o voto deste domingo.

As primeiras projeções avançadas pela televisão pública austríaca (ORF) dão a vitória ao candidato ecologista, com 53,6 por cento de votos. Norbert Hofer, candidato do Partido pela Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, arrecadou 46,4 por cento dos votos. A sondagem da empresa SORA para a televisão austríaca ORF dá 53,3 por cento a Van der Bellen e 46,7 por cento a Norbert Hofer, com uma margem de erro de um ponto percentual.

“Gostaria de congratular Van der Bellen por este sucesso”, declarou Herbert Kickl, secretário-geral do FPÖ, numa declaração transmitida pela televisão. O dirigente acrescenta: "Desta vez, o establishment - que voltou a bloquear e a evitar a renovação - ganhou".

Norbert Hofer, o candidato derrotado, também já reconheceu a derrota via Facebook. "Queridos amigos, apoiaram-me tanto, e fico profundamente triste que não tenha resultado. Gostaria de ser eu a cuidar da Áustria. Felicito Alexander Van der Bellen pelo seu sucesso e peço a todos os austríacos que se mantenham juntos e trabalhem juntos. Somos todos os austríacos, não importa o que decidimos nas urnas. Viva a nossa pátria!", escreveu o candidato derrotado na rede social.

Os resultados entretanto divulgados já incluem, segundo as televisões austríacas, os polémicos "votos por correspondência", que estiveram na origem de uma enorme polémica em maio, quando a segunda volta destas eleições se realizou pela primeira vez, e que ditaram mesmo a repetição do escrutínio. Os votos por correio só deverão estar contados até ao fim do dia de segunda-feira.



Com esta vitória, o antigo líder dos Verdes, Van der Bellen, é eleito chefe de Estado aos 72 anos. Concluí-se desta forma um proesso de escolha conturbado que se arrastou durante quase sete meses.

Anulado o resultado de 22 de maio devido a "irregularidades" na contagem dos votos, a segunda volta das eleições presidenciais ficou marcada para outubro, por exigência e contestação do partido de extrema-direita. Um erro logístico relacionado com o voto por correio levou ao adiamento do ato eleitoral para este domingo.
Extrema-direita não contesta o resultado
"Se estas projeções estiverem corretas, é um grande dia para a Áustria", disse o diretor de campanha de Van der Bellen logo após o encerramento das urnas.

Entretanto, o presidente do partido de Norbert Hofer já veio assegurar que o FPÖ não irá contestar o resultado desta segunda volta, como fez no voto de maio.

"Desta vez, não haverá contestação. Hoje, podemos ter a certeza de que os votos dos cidadãos foram tratados com regularidade", disse Heinz-Christian Stache numa declaração à televisão pública.

Na eleição realizada em maio, o FPÖ tinha denunciado irregularidades na contagem dos votos, levando o próprio ministro austríaco do Interior a reconhecer "desleixo" na contagem de votos. O caso chegou às mais altas instâncias da Justiça, com o Supremo Tribunal a anular o resultado. Na altura, os austríacos tinham dado a vitória a Alexander Van der Bellen, com apenas 30 mil votos de vantagem num universo de menos de cinco milhões de eleitores.

Apesar do fracasso na eleição deste domingo, o partido de extrema-direita segue em frente nas sondagens para as eleições legislativas austríacas, que se realizam em 2018, com um terço no total das intenções de voto.

Durante a campanha para as eleições presidenciais, Van der Bellen garantiu aos austríacos que impediria a formação de Governo por parte do FPÖ, mesmo na eventualidade de ser este o partido mais votado. Na Áustria, o chefe de Estado assume um papel sobretudo representativo e cerimonial, mas pode ser decisivo na formação de coligações e na constituição de Governos.

(com agências)
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