Candidatura de Clinton acusa Trump de encorajar espionagem russa

por RTP
Carlo Allegri - Reuters

As declarações explosivas de Donald Trump e o uso indevido de uma conta de e-mail privada por Hillary Clinton, dois pratos fortes da campanha, voltam a estar no centro da polémica. Desta vez, em simultâneo. Esta quarta-feira, o candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas convidou uma potência estrangeira, tradicionalmente contrária à política externa norte-americana, a espiar e revelar a correspondência de uma antiga secretária de Estado.

"Russos, se me estão a ouvir, espero que sejam capazes de encontrar os 30 mil e-mails desaparecidos". Foi este o apelo de Donald Trump durante uma conferência de imprensa aos jornalistas esta quarta-feira.
 
Em causa está a correspondência que Hillary Clinton não quis entregar às autoridades no âmbito da investigação de que foi alvo por ter usado uma conta privada de e-mail para tratar de assuntos de Estado. Hillary Clinton é desde terça-feira a nomeada democrata às eleições de 8 de novembro. A nomeação de Donald Trump pelos republicanos foi oficializada na convenção da semana passada. 

Hillary Clinton usou uma conta de e-mail privada no tempo em que foi secretária de Estado da Administração Obama, entre 2009 e 2013. O assunto motivou uma investigação levada a cabo pelo FBI, onde se concluiu que Clinton tratou informações sensíveis e confidenciais de forma “extremamente descuidada”. 

Em reação à incitação de Donald Trump, a equipa que apoia a candidatura de Hillary Clinton acusa o republicano de “encorajar” espionagem estrangeira. 

“É a primeira vez que um candidato presidencial incentiva uma potência estrangeira a espiar um adversário político. Trata-se de uma abordagem perigosa para a nossa segurança nacional”, afirmou Jake Sullivan, um dos assessores da democrata.
Revelações da WikiLeaks
A ligação Rússia/e-mails não despontou sozinha na cabeça de Donald Trump. No passado do domingo, precisamente um dia antes do arranque da convenção democrata - que decorre nestes dias em Filadélfia – o Partido Democrático viu-se abalado pela divulgação de correspondência interna, onde algumas das mais importantes figuras do partido favoreciam a candidatura de Hillary Clinton em detrimento dos restantes candidatos, nomeadamente em relação ao principal rival, Bernie Sanders. 

As revelações, levadas a cabo pela Wikileaks, tiveram consequências imediatas: a presidente do partido Debbie Wasserman Schultz apresentou a demissão horas depois. 

Tratamento preferencial ou não, a verdade é que o diretor de campanha de Hillary Clinton, Robby Mook, disse à CNN que este acesso indevido às contas de e-mail do núcleo duro democrata foi levado a cabo pela Rússia. O objetivo? Influenciar deliberadamente o resultado das eleições nos Estados Unidos, acusou Mook.

O próprio Barack Obama não descarta esta possibilidade, lembrando que o candidato republicano "expressou admiração" por Vladimir Putin em várias ocasiões. O assunto está de momento a ser investigado pelo FBI. 

Num comunicado divulgado ao início da semana, a campanha do candidato republicano considerou que estas alegações eram “absurdas e ridiculas”, uma opinião que não foi compartilhada com o seu “vice”.

“Se se trata realmente da Rússia, e eles estão realmente a querer interferir nas nossas eleições, posso garantir-vos que ambos os partidos e o Governo dos Estados Unidos vão querer assegurar que haverá sérias consequências”, referiu Mike Pence.  
 
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