Católicos e ortodoxos juntos para protegerem cristãos do Médio Oriente e África

por Lusa
O documento histórico assinado esta sexta-feira em Havana ficou escrito em russo e italiano. Alejandro Ernesto - EPA

Havana, 12 fev (Lusa) -- O papa Francisco e o patriarca ortodoxo russo Kiril assinaram em Havana uma declaração conjunta por causa da perseguição aos cristãos.

"A consciência cristã e a responsabilidade pastoral não permitem que permaneçamos indiferente perante os desafios que requerem uma resposta conjunta", lê-se na declaração em italiano e russo, que os dois representantes da igreja assinaram no aeroporto cubano. Em 30 pontos, o documento define as prioridades das duas igrejas, que remetem sobretudo para os grandes conflitos e perseguições.

Francisco e Kiril realizaram estiveram reunidos num encontro de cerca de duas horas no salão do protocolo do aeroporto de Havana, o primeiro entre os primados da igreja católica e ortodoxa desde a cisma (dissidência religiosa) de 1054.

"Tivemos uma discussão aberta, com pleno entendimento da responsabilidade das nossas igrejas com o nosso povo, o futuro do cristianismo e o futuro da civilização humana", indicou Kiril, depois de assinar com o papa Francisco uma declaração conjunta.

O patriarca russo disse também que ambos conversaram com "pleno sentido de responsabilidade e intenção de trabalhar em conjunto para terminar com as guerras e para que a vida humana se respeite em todo o mundo".

O papa Francisco referiu que o encontro com o patriarca ortodoxo terminou com uma "série de iniciativa" que considera "viáveis e possíveis de realizar" e agradeceu a "humildade fraterna" de Kiril.
"Éxodo" na Síria e Iraque

"Em muitos países do Médio Oriente e África do Norte exterminam-se famílias completas de nossos irmãos e irmãos de Cristo, povos e cidades inteiras por si habitadas. Os seus templos são submetidos à destruição bárbara e a saques, os santuários à demolição", denunciaram no documento.

Na Síria, no Iraque e em outros países do Médio Oriente observa-se "com dor ao êxodo de cristãos da terra onde a nossa fé começou e onde viviam desde os tempos apostólicos, em conjunto com outras comunidades religiosas", salientam.

Por isso, tanto o papa Francisco como o patriarca Kiril, em representação das suas igrejas, "apelaram à comunidade internacional para tomar medidas imediatas para evitar mais deslocamentos de cristãos do Médio Oriente".

Os dois líderes religiosos também instaram a comunidade internacional a "unir-se para terminar com a violência e o terrorismo ao mesmo tempo, através do diálogo, para conseguir a paz civil".

"É precisa ajuda humanitária em grande escala para o povo que sofre e para muitos refugiados nos países vizinhos", afirmaram, pedindo ainda aos que podem ajudar para serem libertados os metropolitas de Alepo, Pablo e Juan Ibrahim, capturados em abril de 2013.

Como estava previsto, também referiram a situação na Ucrânia que já provocou a morte a muitas pessoas e levou a sociedade a uma profunda crise económica e humanitária.

"Apelamos a todas as partes do conflito para terem prudência, mostrarem solidariedade social e trabalharem ativamente para o estabelecimento da paz", refere o texto.

No documento pede-se também a ambas as igrejas para trabalharem para a "harmonia social" e que se abstenham de participar em confrontos ou de apoiar o desenvolvimento de conflitos.

A declaração, com 30 pontos, sublinha o "alto valor da liberdade religiosa e recorda as pessoas que vivem na pobreza extrema, num momento em que aumenta a riqueza no mundo.

O papa Francisco e o patriarca ortodoxo russo reuniram-se no aeroporto de Havana. Francisco agradeceu também a Cuba e ao povo cubano pela "disponibilidade ativa".

De Cuba, Francisco prossegue agora viagem para o México.

 

 

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