Comissão Europeia e associações de consumidores reúnem-se em setembro sobre caso Volkswagen

por Lusa

A Comissão Europeia vai reunir-se em setembro, em Bruxelas, com todas as associações europeias de defesa dos consumidores, no âmbito do escândalo da manipulação de emissões poluentes pela fábrica alemã de automóveis Volkswagen.

"Vamos organizar uma reunião em setembro, em Bruxelas, com as associações de defesa do consumidor para encontrar soluções de curto prazo e discutir soluções para mais longo prazo para melhor proteger os consumidores", informou Nathatlie Vandystadt, porta-voz do executivo comunitário à agência Lusa.

A mesma fonte indicou ter sido enviada uma carta para todas as associações de consumidores com questões para poderem ser analisadas as primeiras soluções oferecidas pelas autoridades dos Estados-membros para apoiar os consumidores, assim como as dificuldades sentidas neste processo e como se poderá agir da melhor forma a nível da União Europeia (UE).

A comissária europeia responsável pelas pastas da Justiça e Consumidores, Vera Jourová reuniu-se "há alguns dias" com a Associação Europeia de Associações dos Consumidores para "discutir como melhor proteger os consumidores na Europa".

"A Comissão está a trabalhar em conjunto com as associações de consumidores para facilitar a coordenação de ações de diferentes associações de consumidores e encontrar soluções dentro das atuais regras da UE e nacionais. Uma referência, é por exemplo, a diretiva de práticas comerciais injustas", indicou.

Em maio último, a Comissão propôs a revisão da cooperação na área da proteção ao consumidor e que prevê, nomeadamente, que possa ser o executivo a iniciar uma ação coordenada quando existem práticas nocivas para os consumidores na maioria dos 28.

A 20 de julho, o construtor automóvel alemão anunciou ter constituído provisões adicionais no primeiro semestre para fazer face ao escândalo dos motores falsificados, que continua a pesar nas contas do grupo.

O grupo alemão (com marcas como Volkswagen, Audi, Seat, Skoda, MAN, Porsche, entre outras) obteve um resultado de exploração de 5,3 mil milhões de euros no primeiro semestre, menos 22% do que no período homólogo de 2015, refere um comunicado.

No primeiro semestre, o grupo de Wolfsburg constituiu uma provisão de 2,2 mil milhões de euros, "em grande parte devido a novos riscos jurídicos que apareceram na América do Norte".

A Volkswagen admitiu em setembro do ano passado que falsificou um total de 11 milhões de veículos em todo o mundo para que os motores dos mesmos parecessem menos poluentes do que eram na realidade quando eram submetidos ao controlo de emissões poluentes.

Alvo de numerosas investigações em todo o mundo, o grupo registou em 2015 uma perda líquida de 1,6 mil milhões de euros, a primeira em mais de 20 anos, por ter posto de lado cerca de 16 mil milhões de euros para enfrentar as consequências do escândalo.

No final de junho, a Volkswagen aceitou pagar, nos Estados Unidos, cerca de 15 mil milhões de dólares para fechar um primeiro processo civil associado ao escândalo.

O grupo ainda é alvo de uma investigação penal e deverá responder à falsificação de motores de cerca de 100.000 veículos de três litros de cilindrada.

Também enfrenta processos e investigações no resto do mundo, nomeadamente na Europa e no Canadá.

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