Nairobi, 22 out (Lusa) -- O primeiro concurso Miss e Mister Albinismo realizou-se esta semana em Nairobi, num movimento contrário ao da situação em alguns países africanos, onde os albinos são estigmatizados e mesmo atacados.
O objetivo do concurso é mostrar "que existem albinos bonitos e bem consigo mesmos" dois termos "raramente associados" no que lhes diz respeito, disse Isaac Mwaura, o primeiro deputado albino queniano que é também o organizador da competição, citado pela agência France Presse.
"Queremos mostrar o nosso talento e enfrentar a estigmatização e a discriminação", sublinhou.
O albinismo traduz-se por uma ausência de pigmentação na pele, no sistema piloso e na íris.
"Em África as pessoas têm a pele negra. Quando uma mulher tem um filho albino, as pessoas dizem que é uma maldição", disse Nancy Njeri Kariuki, 24 anos, que veio do centro do Quénia para participar na competição, na quinta-feira à noite.
"Mesmo as crianças da nossa idade têm medo de nós", contou a jovem, que desfilou diante do vice-presidente do Quénia, William Ruto.
Os jovens foram escolhidos em todo o país numa pré-seleção e tiveram de aprender a desfilar, um desafio importante para ganhar confiança em si, considerou Michael Ogochi, um participante de 21 anos.
"Crescer foi difícil para mim. Ninguém queria estar comigo. É preciso trabalhar a autoestima", explicou.
Todos os anos em África albinos são perseguidos, mortos e são-lhes amputados membros, depois utilizados em rituais para "trazer riqueza e sorte".
Nos últimos tempos a situação piorou no sul e leste do continente, nomeadamente na Tanzânia, no Malaui e em Moçambique, onde ocorrem dezenas de ataques, inclusivamente a crianças muito pequenas.