Contagem mais recente coloca Hillary 2,5 milhões de votos à frente de Trump

por RTP
Carlos Barria, Reuters

O apuramento mais recente não afecta o resultado final: nos votos estaduais que contam, Trump continua com folgada vantagem. Para alguma coisa mudar, era preciso que a recontagem nos swing states desse a vitória a Clinton.

A actualização resulta da contagem de votos por correspondência em vários Estados, incluindo a Califórnia, Nova Iorque e Washington.

Com 2,5 milhões de votos a mais do que o adversário, Hillary Clinton tem em números absolutos uma vantagem superior àquela que tiveram dez presidentes anteriores. Há, no entanto, uma diferença: com menor vantagem, eles ganharam; com maior vantagem, ela perdeu.
Votação total
Hillary - 65.250.000
Trump - 62.686.000

Em percentagem
Hillary - 48,1
Trump - 46,2

Em grandes eleitores
Hillary - 232
Trump - 306

Com efeito, a imagem que o sistema eleitoral produz da votação não é apenas uma imagem distorcida, mas verdadeiramente invertida: a vencedora no voto popular aparece como perdedora das eleições e, portanto, da presidência.

Algo semelhante já tinha sucedido na eleição de 2000, com Al Gore a colocar-se no voto popular à frente de George W. Bush, mas a perder no voto dos "grandes eleitores". Simplesmente, desta vez Hillary Clinton regista uma vantagem sobre Trump superior àquela que Al Gore registara sobre Bush.

É já a quinta vez na História dos EUA que o perdedor no voto popular obtém maioria no colégio eleitoral e, portanto, a presidência. Por se tratar, neste caso, de uma diferença bastante considerável, ela reacende a velha contestação ao carácter antidemocrático do sistema eleitoral norte-americano.

Uma petição online está já a correr, com mais de meio milhão de assinaturas recolhidas, para abolir o colégio eleitoral.

Também algumas figuras políticas vieram a público numa invulgar manifestação de desagrado pelo sistema eleitoral. Foi o caso do autarca de New York City, Bil de Blasio, que disse à CBS estar "muito empenhado nisto [a reforma do sistema eleitoral]": E acrescentou: "Isto não faz sentido. E devia estar na nossa Constituição: uma pessoa, um voto. Não foi o que aconteceu aqui".

Os 538 "grandes eleitores" vão reunir-se em 19 de Dezembro para confirmar a eleição de Trump - se a recontagem agora iniciada no Wisconsin não obrigar a baralhar e dar de novo.
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