Contra-torpedeiro russo com ordens para abater ameaças potenciais

por RTP
Mikhail Klimentyev, Reuters

Moscovo reage ao incidente de ontem: os bombardeiros russos passarão a ser acompanhados por caças e o contra-torpedeiro "Moskwa" foi colocado diante da costa síria, com instruções para tomar como alvo tudo o que ameace a Força Aérea russa.

A notícia foi veiculada pela agência noticiosa Sputniknews, a partir de um comunicado emitido ontem à noite pelo Estado-Maior russo. Até aqui, os bombardeiros russos não eram acompanhados por caças, como parecia normal numa guerra aérea sem outros inimigos potenciais ou conhecidos no espaço aéreo, e apenas com alvos no solo.

Ao determinar esta medida, o Estado-Maior russo suscita dúvidas sobre a sua própria versão, segundo a qual o aparelho ontem abatido teria sido alvo do fogo de peças antiaéreas. A escolta de bombardeiros por caças é, com efeito, uma medida lógica para proteger esses bombardeiros contra outros caças, mas não no caso de serem alvejados a partir do solo.

Em todo o caso, não é automática a conclusão de que as precauções agora determinadas pelo Estado-Maior russo constituam um recuo relativamente àquela versão dos factos: se o aparelho foi abatido por antiaéreas turcas, há ilações a tirar sobre a política turca, que podem, também elas, justificar precauções sobre a atitude dos aparelhos turcos no ar.

Círculos da NATO citados em Der Spiegel consideram entretanto plausível a versão turca sobre uma violação do espaço aéreo turco pelo bombardeiro russo de tipo Suchoi Su-24, ontem abatido. Por outro lado, os mesmos círculos admitem que esse bombardeiro poderá ter entrado em espaço aéreo turco durante alguns segundos, o que daria força à versão de Moscovo, segundo a qual ele não constituía qualquer ameaça para alvos turcos.

A agência Reuters dá conta de uma discrepância entre a plausibilidade admitida pela NATO e o crédito atribuído pelo Governo norte-americano à versão russa, de o avião ter sido abatido em espaço aéreo sírio - baseando-se em registos sobre o rasto de calor produzido pelo aparelho.

Por outro lado, a mesma Reuters, depois de versões que davam como mortos os dois pilotos russos, veicula agora a versão de que estes possam estar vivos, nas mãos de rebeldes sírios. Esta versão contradiz a de Moscovo, que falava de um morto no bombardeiro abatido, sem mencionar o segundo, mas admitindo a morte do tripulante de um helicóptero russo, alvejado a partir do solo, quando procurava resgatar sobreviventes.

A versão dos dois sobreviventes contradiz também a declaração de um grupo rebelde turcomano, da Síria, que dizia ter abatido os dois militares russos, durante o salto destes em páraquedas.
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