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Corbyn, o trabalhista que não quer o Reino Unido na NATO

por RTP
Russell Cheyne, Reuters

Em eleições internas marcadas para 12 de Setembro, o Partido Trabalhista quer escolher um líder que ponha fim a um prolongado jejum de poder. O favorito em todas as sondagens é Jeremy Chorbyn, uma figura de proa da esquerda trabalhista.

Corbyn, com a provecta idade de 66 anos, é deputado trabalhista há 32 e teve até agora uma existência política relativamente discreta, sempre na sombra de Tony Benn, uma figura grada da esquerda trabalhista, e ocasionalmente eclipsado por outras figuras como o combativo George Galloway.

Agora, afastado Galloway do partido desde há vários anos, falecido Benn em Março de 2014, e derrotado Ed Miliband nas últimas eleições, Corbyn surgiu subitamente como uma reserva das tradições trabalhistas de defesa do Estado social.

O seu regresso a temas clássicos do programa trabalhista está a ser bem recebido por uma base social cansada de mimetizações do "Labour" com os "Tories": as sondagens dão-lhe 53 por cento das intenções de voto, contra 32 do rival mais próximo.

No programa de Corbyn figuram pontos como a renacionalização dos serviços de gás e eletricidade, a reabertura das minas encerradas durante e após o consulado de Margaret Thatcher, o aumento dos impostos para os ricos, o aumento do investimento público, com as rotativas do Banco de Inglaterra a imprimirem mais libras, e - last, not least - um incisivo questionamento do papel da NATO, e da permanência do Reino Unido entre os seus países membros.

A este questionamento aliou-se nas últimas semanas a afirmação de que Tony Blair deveria ser julgado por crimes de guerra, no contexto de uma apreciação global do que foi o seu papel na invasão do Iraque.Corbyn e o debate sobre a NATO
Foi precisamente o tema da permanência do Reino Unido na NATO que constituiu alvo dos ataques de Yvette Cooper, Andy Burnham and Liz Kendall - os três rivais de Corbyn na corrida à direcção -, durante um debate "live", promovido na semana passada pelo Daily Mirror.

Segundo o resumo do debate em The Telegraph, Corbyn criticou a NATO por provocar, com a sua expansão para oriente, um movimento da Rússia em sentido oposto. Liz Kendall acusou-o então de estar a atirar sobre a NATO as culpas da ingerência da Rússia na Ucrânia, ao que Corbyn replicou: "Eu nunca disso isso (...) O que estou a dizer é que a NATO fixa a si própria um objectivo de expansão, e então os militares russos dizem aos seus dirigentes: 'Temos de expandir-nos para responder à NATO'".

Seguiu-se um ataque de outro candidato, Andy Burnham, sobre a posição enunciada anteriormente por Corbyn, a favor da saída do Reino Unido da Aliança. Corbyn admitiu que era essa a sua preferência, embora recuando alguma coisa relativamente à oportunidade da passagem à prática desse desiderato: admitiu que "no todo não há um apetite das pessoas para sairem", mas a NATO deveria "limitar o seu papel" e deverá abrir-se um "debate sério sobre os poderes da NATO".

Sobre a sua própria posição, Corbyn reiterou: "Tenho críticas à NATO, é uma organização da Guerra Fria e devia ter acabado em 1990 tal como o Pacto de Varsóvia".
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