CPLP "preocupada" porque Brasil ainda não marcou data para a cimeira

por Lusa

Lisboa, 03 mai (Lusa) - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) mostrou-se hoje "preocupado" por o Brasil ainda não ter marcado uma data para a próxima cimeira, que é "especial" pelo 20º aniversário da organização.

"Partilhámos as nossas preocupações por os preparativos para a cimeira não terem sido ainda iniciados porque não temos ainda o indicativo da data para a cimeira, e é importante que se marque a data para iniciarmos o processo de preparação em cadeia", disse Murade Murargy, em declarações à Lusa.

Falando na sede da organização no final de um encontro com uma governante da Guiné-Bissau, Murargy admitiu o atraso na marcação da data do próximo encontro: "Isso é o que me preocupa enquanto secretário executivo; tenho feito notar aos Estados que esta não é uma cimeira qualquer, tem algo de especial porque marca o 20º aniversário, e vai apontar caminhos para os próximos dez anos", disse o embaixador moçambicano que termina o mandato precisamente nessa cimeira.

"A situação no Brasil preocupa-nos porque não há ainda um clima de tranquilidade para que possam sentar-se e pensarem na cimeira; o Governo e a Presidência estão preocupados com a situação interna, mas do nosso lado estamos a aguardar que o Brasil nos informe sobre as datas em que poderão acolher a cimeira", acrescentou o secretário executivo da CPLP.

A crise política e económica do Brasil é apenas um dos problemas que afetam vários países desta organização, com destaque para a recessão económica na Guiné Equatorial, o pedido de ajuda externa de Angola ao Fundo Monetário Internacional e a crise da dívida em Moçambique.

Questionado sobre se os problemas internos de cada país podem contribuir para um afastamento do envolvimento na CPLP, Murargy rejeitou essa possibilidade, explicando que deve acontecer exatamente o contrário.

"A situação conjuntural que os nossos países atravessam não diminui em nada a importância que a CPLP representa para os nossos países, eles sempre reafirmam o interesse pela organização, que é uma organização de valores e de afetos, e todos estão empenhados", disse o responsável.

"A CPLP pode ajudar conjugando e discutindo as situações, sobre como podemos sair do marasmo em que nos encontramos, com a amizade e a fraternidade que nos caracteriza", concluiu.

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