Daesh perde cidade perante ofensiva turca

por RTP
Umit Bektas, Reuters

As tropas do "Estado Islâmico" perderam a cidade de Jarablus, na região de Alepo. A Turquia reclama para si essa vitória mas está, simultaneamente, a ser criticada por tomar como alvo prioritário as forças curdas e não as do Daesh.

Segundo a Agência France Press (AFP), terá sido um grupo de rebeldes sírios apoiados pela Turquia a tomar a disputada cidade fronteiriça. Um dos comandantes do grupo, Ahmad Othmane, declarou àquela agência que as suas forças tinham entrado na cidade pelo lado sul.
Protesto sírio contra a intervenção turca
A mesma AFP refere a declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio condenando com veemência a intervenção turca como "violação flagrante" da soberania de Damasco. Aí se critica a passagem "da fronteira turco-síria por carros e blindados turcos em direcção à cidade de Jarablus, com cobertura aérea da coligação dirigida por Washington". E acrescenta que "a Síria reclama o fim desta agressão".

O MNE sírio deixa ainda uma nota de dúvida sobre quem terá tomado a cidade - o tal grupo rebelde sírio apoiado pela Turquia ou as próprias forças turcas, sublinhando que a intervenção turca não consiste apenas em bombardeamentos aéreos, mas também nas referidas forças terrestres motorizadas: "Seja quem for que leva a cabo o combate contra o terrorismo em território sírio, deverá fazê-lo em coordenação como o Governo sírio e o Exército sírio que trava essa luta desde há cinco anos".

Aquele Ministério afirma ainda que "a luta contra o terrorismo não consiste em expulsar o Daesh para pôr em seu lugar organizações terroristas apoiadas pela Turquia".
Protesto curdo contra a intervenção turca
Por seu lado, o governo autónomo do Curdistão sírio denunciou a entrada no território de forças turcas, encarando as críticas do MNE sírio a essa entrada como cortina de fumo para dissimular a colaboração entre Damasco e Ankara - estando ambas as capitais, segundo esta visão do tema, unidas pela comum hostilidade às reivindicações independentistas curdas.

Segundo um comunicado do governo autónomo curdo, igualmente citado pela AFP, "o Governo turco abandonou a sua política perante o regime [sírio] e doravante encontra-se ao seu lado num mesmo campo". Quanto à intervenção turca em Jarablus, ela é considerada "uma declaração de guerra contra a administração autónoma, contra o projecto federal", que os curdos tinham proclamado em março último para as regiões do Norte e do Nordeste do país.


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