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Cameron despede-se de Bruxelas e deixa Brexit para o sucessor

por Christopher Marques - RTP
David Cameron participou esta terça-feira naquele que deverá ser o seu último Conselho Europeu. Phil Noble - Reuters

O primeiro-ministro britânico despediu-se esta noite do Conselho Europeu. O líder britânico prometeu que o Reino Unido não irá virar as costas à União Europeia mas frisou que será o seu sucessor a acionar o processo de saída. Excluída está a possibilidade de ignorar o resultado do referendo.

Cameron despediu-se de Bruxelas. O Reino Unido ficará por mais uns tempos. O primeiro-ministro britânico participou esta terça-feira no Conselho Europeu, naquela que se espera ser a última presença do líder conservador na reunião magna dos 28. À saída do Conselho, David Cameron insistiu que não será ele a invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa e a dar início formal ao Brexit.

David Cameron disse não lamentar a convocação da consulta popular, apesar de não gostar do resultado. “É claro que lamento o resultado. Mas não lamento o facto de ter havido referendo. Era a coisa certa a fazer”, afirmou o chefe do Governo britânico.


“Gostaria de ter ganho o referendo… estou triste com isso”, afirmou mesmo aos jornalistas. O governante britânico reitera no entanto estar “mais preocupado” com a relação futura do Reino Unido com a comunidade europeia, prometendo fazer tudo para “encorajar uma relação próxima”.

David Cameron, que agora lidera o Reino que se prepara para abandonar a União, não deixou de referir as frustrações e dificuldades de muitos Conselhos Europeus, mas deixou um elogio para a despedida.

“É uma organização e uma fórmula que juntou países que há não muito tempo estavam em conflito. E, apesar de todas as frustrações, sempre achei muito tranquilizante encontrarmos maneira de conversar, de trabalhar em conjunto e resolver as nossas divergências através do diálogo”, explicou.
Quando sair?
O calendário para o início do processo de saída do Reino Unido continua a ser um dos diferendos entre dirigentes europeus e britânicos. Apesar de Cameron referir não ter sido pressionado a acelerar o processo, Jean-Claude Juncker insiste numa saída rápida, apontando que “não temos meses para pensar”.

“Posso compreender que David Cameron necessite de tempo” mas “nós queremos que o artigo 50 seja acionado o mais rapidamente possível”, afirmou. Também Ângela Merkel disse esperar que o artigo 50 seja invocado por Londres, deixando claro que o assunto não pode ser arrastado por muito tempo.

A chanceler excluiu a possibilidade de o Reino permanecer na União, frisando que o Brexit vai mesmo avançar. Ângela Merkel descreveu as conversações com David Cameron de “sérias” mas “amigáveis”, apontando que a Europa deve enfrentar esta situação sem raiva.
Acesso ao mercado único
Segundo fonte da comitiva britânica, David Cameron disse no jantar que a livre circulação de pessoas no mercado único europeu foi um dos “fatores determinantes” na vitória do Brexit, defendendo que a alteração neste princípio é a “chave” das futuras relações entre Londres e Bruxelas.

Por sua vez, François Hollande disse já que não será possível ter acesso ao mercado único sem que sejam respeitadas as quatro liberdades de circulação: bens, capital, trabalhadores e serviços. O Presidente francês afirma ainda que sem livre circulação de pessoas, a City de Londres não poderá continuar a assumir as atuais funções financeiras.

No fim do primeiro dia de Conselho Europeu, também António Costa falou aos jornalistas. O primeiro-ministro não acredita que o Reino Unido continuará na União Europeia. "Nunca ninguém apresentou a hipótese de não ser respeitada a vontade do povo britânico", garantiu o primeiro-ministro.


O chefe do Governo português disse ainda que David Cameron garantiu que “todos os originários da União Europeia são muito bem-vindos ao Reino Unido”. Segundo Costa, o primeiro-ministro britânico condenou os atos xenófobos que têm ocorrido nos últimos dias.

As autoridades britânicas registaram mais 57 por cento de queixas contra crimes de ódio desde sexta-feira, dia em que a vitória do Brexit surpreendeu a Europa




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