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Detida ministra da Cultura da Coreia do Sul no âmbito do escândalo de corrupção

por Lusa

Seul, 21 jan (Lusa) -- As autoridades da Coreia do Sul detiveram hoje a ministra da Cultura e um antigo assessor presidencial, devido à alegada criação de uma lista negra de artistas críticos do governo, no âmbito do escândalo de corrupção.

A ministra da Cultura, Cho Yoon-sun, e o antigo chefe de gabinete da presidência Kim Ki-choon estiveram alegadamente envolvidos na elaboração de uma lista negra que continha nomes de milhares de artistas e figuras da cultura nacionais para serem excluídos de programas de financiamento ou subvenções governamentais.

Cho e Kim foram detidos depois de o tribunal do distrito central de Seul ter aceitado o pedido do Ministério Público para o efeito.

Outros três antigos membros do governo foram detidos anteriormente devido à controversa lista, que, segundo acusação, seria mais um instrumento ao serviço do esquema de extorsões alegadamente orquestrado por Choi Soon-sil, a figura central do escândalo de corrupção e tráfico de influências, apelidada de "Rasputina" pela sua relação próxima com a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye.

O tribunal decidiu manter Cho e Kim sob custódia policial por considerar que existem "provas fundadas" dos delitos que lhes são imputados, e o risco de destruírem essas evidências, segundo a decisão reproduzida pela agência de notícias Yonhap.

O Ministério Público estuda agora a ligação de "Rasputina" à lista negra -- que incluía figuras como os cineastas Song Kang-ho, Park Chan-wook, Kim Ki-duk, Lee Chang-dong, Lee Woo-jin ou Ryoo Seung-wan, ou escritores como Han Kang, vencedora do Man Booker International Prize 2016 com o romance "A Vegetariana".

A lista "viola gravemente a liberdade de pensamento e expressão", referiu hoje o porta-voz do Ministério Público em conferência de imprensa.

Cho e Kim negaram todas as acusações durante os interrogatórios que tiveram lugar esta semana e duraram 21 e 15 horas, respetivamente.

Cho Yoon-sun foi secretária presidencial de assuntos políticos entre 2014 e 2015 antes de ser nomeada ministra no ano passado, enquanto Kim Ki-choon foi chefe de gabinete da presidência entre 2013 e 2015, sendo suspeito de ter exercido uma influência nos assuntos estatais maior do que a inerente à sua posição.

O Ministério Público sofreu, contudo, um revés na quinta-feira depois de um tribunal ter recusado deter o herdeiro e presidente de facto do grupo Samsung, Lee Jae-yong, implicado no caso devido a donativos a empresas e fundações supostamente controladas pela "Rasputina".

O Ministério Público considera que Choi Soon-sil, com a conivência da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, extorquiu os principais conglomerados do país para fazer entrar 77.400 milhões de won (61 milhões de euros) em duas fundações que controlava, em troca de favores, acusando-a ainda de ter interferido em assuntos de Estado, apesar de não desempenhar nenhum cargo público.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 09 de dezembro por causa deste caso, um dos maiores escândalos políticos da história recente da Coreia do Sul, uma decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até junho para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

Os seus poderes presidenciais estão suspensos, com o primeiro-ministro a liderar o Governo.

O escândalo desencadeou uma onda de indignação no país, com os sul-coreanos.

Há três meses que os sul-coreanos saem para a rua aos sábados em protesto, exigindo a saída de Park e do seu Governo.

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