Detido principal líder da oposição na Geórgia em operação policial

por Lusa

A polícia da Geórgia deteve hoje Nika Melia, líder do principal partido da oposição, o Movimento Nacional Unificado (MNU), durante uma operação violenta na sede do partido, em plena crise política.

Melia, de 41 anos, foi retirado da sede do partido, em Tbilissi, e detido preventivamente, noticiou o canal de televisão Mtavari, que transmitiu imagens em direto.

Centenas de agentes da polícia antimotim lançaram granadas de gás lacrimogéneo contra apoiantes e dirigentes dos partidos da oposição, que cercavam o edifício há quase uma semana.

A operação policial segue-se à demissão do primeiro-ministro, Giorgi Gakharia, na quinta-feira passada, por discordar da decisão do tribunal de Tbilissi que ordenou a prisão preventiva do dirigente da oposição.

"Tomei a decisão de abandonar o cargo", indicou então Giorgi Gakharia, após uma reunião governamental retransmitida pela televisão.

Gakharia criticou o tribunal que, afirmou, pode colocar em risco "a saúde e a vida" dos cidadãos, polarizando politicamente o país.

O opositor Nika Melia, dirigente do MNU, um partido fundado pelo antigo Presidente no exílio Mikhail Saakachvili, foi acusado de organizar "atos de violência" em 2019.

Na quarta-feira passada, o tribunal da Geórgia tinha ordenado a detenção preventiva do dirigente da oposição, que pode vir a ser condenado a uma pena de nove anos.

Melia rejeitou as acusações e considerou que está a ser vítima de "repressão contra a oposição".

A operação policial suscitou a indignação da oposição.

Um dos dirigentes do MNU, Giorgi Pataraia, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que a polícia tinha "roubado servidores informáticos" no interior da sede do partido.

Em comunicado, o Ministério do Interior da Geórgia afirmou que a polícia fez "um uso da força proporcional e recorreu a meios especiais" durante a operação, que chocou o embaixador britânico no país.

"Chocado pelas cenas na sede do MNU esta manhã", escreveu na rede social Twitter Mark Clayton. "A violência e o caos em Tbilissi são a última coisa de que a Geórgia precisa neste momento", acrescentou o diplomata.

A oposição pede eleições antecipadas e recusa o resultado das legislativas de outubro, vencidas por curta margem pelo Sonho Georgiano, partido fundado pelo ex-primeiro-ministro Bidzina Ivanishvili, o homem mais rico do país, suspeito de controlar o poder nos bastidores.

Na segunda-feira, o Parlamento confirmou a nomeação do ministro da Defesa, Irakli Garibachvili, considerado um apoiante de Bidzina Ivanishvili, como novo primeiro-ministro.

Durante um discurso perante os deputados, Garibachvili indicou que o Governo ia deter o líder da oposição e afirmou que Melia "não conseguiria escapar à justiça".

Na semana passada, a União Europeia e os Estados Unidos expressaram preocupação com a escalada da crise política na Geórgia, uma antiga república soviética acostumada a turbulência política e violentas lutas pelo poder.

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