Dilma contestada por mais de 870 mil pessoas em 205 cidades do Brasil

por Carlos Santos Neves - RTP
A <i>Folha de São Paulo</i> refere 135 mil pessoas na Avenida Paulista Paulo Whitaker - Reuters

Proporções históricas. Os protestos contra o Governo de Dilma Rousseff congregaram no domingo centenas de milhares de manifestantes em todos os 25 Estados do Brasil. Só nas ruas de São Paulo terão estado 350 mil pessoas. A renúncia foi o caminho apontado à Presidente pela maioria das vozes auscultadas numa sondagem inédita do instituto Datafolha.

O cálculo está na edição online do jornal brasileiro O Globo: as manifestações em massa contra a Presidência de Dilma Rousseff juntaram, num único dia, 879 mil pessoas em 205 cidades.Em Brasília, relata O Globo, manifestantes carregaram um boneco insuflável a representar o antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva “vestido de presidiário”.


Do Distrito Federal de Brasília ao Recife, das grandes metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro a Belo Horizonte, Curitiba e Manaus, as vozes da contestação à sucessora de Lula da Silva cobriram todo um país. Sem notícia de qualquer incidente grave de violência.

A mais expressiva das concentrações teve lugar em São Paulo, a partir das 14h00 de domingo (18h00 em Lisboa). Ali, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, terão marchado pelo menos 350 mil manifestantes. A Folha de São Paulo refere, por seu turno, 135 mil pessoas na Avenida Paulista.

João Pacheco Miranda, André Velloso - RTP

O mesmo jornal publicou nas últimas horas uma sondagem sem precedentes do Datafolha. Pela primeira vez, o Instituto inquiriu brasileiros em protesto sobre a possibilidade de uma renúncia à Presidência por parte de Dilma. A resposta foi clara: oitenta e cinco por cento mostraram a sua preferência por esse desfecho.

Por outro lado, 82 por cento mostraram-se convencidos de que a Presidente deve sair na sequência de um processo de impeachment a abrir pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra 15 por cento que não acreditam nessa possibilidade e dois por cento que responderam não saber.
Impeachment Já!”

O procedimento com vista a demissão de Dilma Rousseff é, todavia, a reivindicação de base do Movimento Brasil Livre. Os principais impulsionadores dos protestos são o Movimento Brasil Livre e os grupos Revoltados Online e Vemprarua.net, que fazem das redes sociais plataformas de mobilização.

Nas manifestações de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Porto Alegre estiveram grandes faixas – 100 metros de comprimento por cinco de largura - com a inscrição “Impeachment Já!”.

“Tivemos a ideia de fazer a bandeira com a palavra impeachment porque a marcha é pelo fora Dilma. Alguns jornalistas diziam que a demanda não estava clara. Então fizemos essa bandeira. A gente quer que o presidente da Câmara [dos Deputados], Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, coloquem o pedido de impeachment em votação”, explicou o coordenador do Movimento Brasil Livre Maurício Bento, de 24 anos, citado pelo diário O Globo.
Esta é a terceira vaga de protestos em 2015 contra a corrupção e o Governo do Partido dos Trabalhadores, depois das manifestações de 15 de março e 12 de abril.

Perante a dimensão das manifestações, a Presidente esteve reunida ao início da noite de domingo, no Palácio da Alvorada, com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Secretaria da Comunicação Social, Edinho Silva, e da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Numa nota lacónica, Edinho Silva limitou-se a declarar que “o Governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática”. Uma ideia repercutida pelo mesmo governante no Twitter.
Em tom semelhante, o líder do PT no Senado, Delcídio Amaral, admitiu que os protestos foram “expressivos”, embora mais pequenos do que os anteriores.

Na raiz da contestação estão os desenvolvimentos da denominada Operação Lava-Jato, desencadeada em março de 2014 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Em causa estão denúncias de corrupção, subornos, branqueamento de capitais e fraudes em contratos da petrolífera Petrobras.
Tópicos
pub