Proporções históricas. Os protestos contra o Governo de Dilma Rousseff congregaram no domingo centenas de milhares de manifestantes em todos os 25 Estados do Brasil. Só nas ruas de São Paulo terão estado 350 mil pessoas. A renúncia foi o caminho apontado à Presidente pela maioria das vozes auscultadas numa sondagem inédita do instituto Datafolha.
Do Distrito Federal de Brasília ao Recife, das grandes metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro a Belo Horizonte, Curitiba e Manaus, as vozes da contestação à sucessora de Lula da Silva cobriram todo um país. Sem notícia de qualquer incidente grave de violência.
A mais expressiva das concentrações teve lugar em São Paulo, a partir das 14h00 de domingo (18h00 em Lisboa). Ali, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, terão marchado pelo menos 350 mil manifestantes. A Folha de São Paulo refere, por seu turno, 135 mil pessoas na Avenida Paulista.
João Pacheco Miranda, André Velloso - RTP
O mesmo jornal publicou nas últimas horas uma sondagem sem precedentes do Datafolha. Pela primeira vez, o Instituto inquiriu brasileiros em protesto sobre a possibilidade de uma renúncia à Presidência por parte de Dilma. A resposta foi clara: oitenta e cinco por cento mostraram a sua preferência por esse desfecho.
Por outro lado, 82 por cento mostraram-se convencidos de que a Presidente deve sair na sequência de um processo de impeachment a abrir pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra 15 por cento que não acreditam nessa possibilidade e dois por cento que responderam não saber.
“Impeachment Já!”
O procedimento com vista a demissão de Dilma Rousseff é, todavia, a reivindicação de base do Movimento Brasil Livre. Os principais impulsionadores dos protestos são o Movimento Brasil Livre e os grupos Revoltados Online e Vemprarua.net, que fazem das redes sociais plataformas de mobilização.
Nas manifestações de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Porto Alegre estiveram grandes faixas – 100 metros de comprimento por cinco de largura - com a inscrição “Impeachment Já!”.
“Tivemos a ideia de fazer a bandeira com a palavra impeachment porque a marcha é pelo fora Dilma. Alguns jornalistas diziam que a demanda não estava clara. Então fizemos essa bandeira. A gente quer que o presidente da Câmara [dos Deputados], Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, coloquem o pedido de impeachment em votação”, explicou o coordenador do Movimento Brasil Livre Maurício Bento, de 24 anos, citado pelo diário O Globo.
Protesto contra o governo e o PT em todos os estados do Brasil e no DF. http://t.co/XdwfplOSPg pic.twitter.com/3saTBoxfZu
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) August 16, 2015
Esta é a terceira vaga de protestos em 2015 contra a corrupção e o Governo do Partido dos Trabalhadores, depois das manifestações de 15 de março e 12 de abril.Perante a dimensão das manifestações, a Presidente esteve reunida ao início da noite de domingo, no Palácio da Alvorada, com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Secretaria da Comunicação Social, Edinho Silva, e da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Numa nota lacónica, Edinho Silva limitou-se a declarar que “o Governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática”. Uma ideia repercutida pelo mesmo governante no Twitter.
As manifestações de hoje atestam a normalidade democrática no Brasil.
— Edinho (@edinhosilva) August 16, 2015
Em tom semelhante, o líder do PT no Senado, Delcídio Amaral, admitiu que os protestos foram “expressivos”, embora mais pequenos do que os anteriores.Na raiz da contestação estão os desenvolvimentos da denominada Operação Lava-Jato, desencadeada em março de 2014 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Em causa estão denúncias de corrupção, subornos, branqueamento de capitais e fraudes em contratos da petrolífera Petrobras.
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