Dilma Rousseff nega ter cometido qualquer crime

por RTP
Dilma Rousseff numa reunião com apoiantes em São Paulo Paulo Whitaker - Reuters

A Presidente brasileira está suspensa há quatro meses e discursou perante o senado, defendendo o segundo mandato para o qual foi eleita e acusou muitos quererem atacar o que foi uma escolha de mais de 54 milhões de brasileiros.

Num longo discurso, Dilma Rousseff começou por defender-se ao afirmar que ao exercer o cargo da presidência da República respeitou a vontade e assumiu o compromisso de uma nação, declarando que se orgulha do segundo mandato vencido em janeiro de 2015.

A presidente suspensa explicou que jamais poderia atentar contra os valores em que acredita e defende, dizendo que nunca poderia agir contra aqueles que a elegeram.

"Nesta jornada para me defender do impeachment, aproximei-me do povo. Tive oportunidade em ouvir o seu reconhecimento, de receber o seu carinho. Ouvi também críticas, duras, ao meu governo pelos erros cometidos e a medidas que não foram aplicadas".

Nas palavras seguintes, Dilma relembrou os tempos de ditadura em que sofreu algumas provações, como a tortura, e relembrou os anos que passou presa. "Mas não cedi", declarou, continuando um longo discurso em que acusou os seus opositores de estar a ser culpada por crimes que não cometeu.

Dilma Rousseff recusou qualquer culpa dos crimes que está a ser acusada e diz estar a ser novamente julgada na vida. No entanto, Rousseff garante estar de "consciência tranquila" e que vai dar a cara por tudo que será julgada.

No senado, Dilma Rousseff afirmou mesmo que foi vítima de um golpe e que não cometeu nenhum dos crimes que a levou a ser afastada da presidência do Brasil. Deu como exemplo de boas obras a organização do Mundial de 2014, dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos que decorreram com sucesso no Brasil.

Houve críticas para o novo executivo de Michel Temer, especialmente pela falta de mulheres no novo governo e diz que só povo é que pode afastar de forma legítima um executivo.

A presidente suspensa deixou também críticas àqueles que apenas quiseram procurar pelo "pior" no processo de impeachment, sem tentar encontrar soluções positivas para o Brasil.

"Muitos articularam e votaram contra propostas que durante toda a vida defenderam, sem pensar nas consequências que os seus gestos trariam para o seu país e o seu povo.", declarou Dilma.
Combate à corrupção
A presidente do Brasil explicou que encetou um grande combate contra a corrupção, que tanto no seu governo como nos de Lula da Silva foram criadas todas as condições para que investigações fossem realizadas.

"Assegurei a autonomia do Ministério Público, não permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal. Contrariei interesses, por isso paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive", declarou Dilma Rousseff.
Recusa da renúncia e defesa contra impeachment
Num discurso que durou mais de 40 minutos, Dilma Rousseff queixou-se de estar a ser novamente vítima de golpe de estado perpetrado por "governo usurpado" e garante que nunca irá renunciar ao seu cargo.

"Jamais o faria [renunciar], porque tenho um compromisso inarredável com o Estado brasileiro. Jamais o faria porque nunca renuncio à luta.", disse Rousseff emocionada.

Contra o impeachment que lhe foi imposto, a presidente brasileira declarou que não lesou o estado e nada fez para agir dolosamente contra o povo brasileiro.

No fim do seu discurso, Dilma pediu de forma emocionada ao Senado para solucionar este impeachment com a continuação do seu executivo, para que a crise brasileira não seja agravada.
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