Segundo a edição online do Expresso, um documento submetido à reunião do Comité Central do MPLA confirmaria a indicação de João Lourenço, atual ministro da Defesa, como candidato às presidenciais de 2017. Mas no discurso proferido esta sexta-feira, em Luanda, José Eduardo dos Santos nada disse sobre a sucessão.
Paulo Catarro, correspondente da RTP em Angola, acompanha a reunião ordinária do MPLA em Luanda e refere que se especulou muito sobre se José Eduardo dos Santos anunciaria esta sexta-feira qual seria a sua sucessão no partido.
No entanto, o Presidente angolano fez um discurso "muito breve", o que pode significar que ainda falta afinar "pormenores" com o próprio Comité Central.
Apesar da expectativa lançada há alguns meses sobre a eventual saída do poder, o Presidente angolano voltou a não clarificar se vai ou não encabeçar a lista às eleições gerais de 2017.
O jornal Expresso avançou na edição online que Eduardo dos Santos apresentou, pela primeira vez em documento escrito, o nome do sucessor por si escolhido.
Tal decisão iria ao encontro da intenção manifestada em março deste ano, durante a anterior reunião do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
"Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018", disse na altura.
Mas perante as notícias desta sexta-feira o secretário para a Informação do MPLA, Mário António, pede que se evite "cair em especulações", que apenas visam criar instabilidade em Angola.
"Uma figura consensual"
O Presidente angolano já tinha manifestado noutras ocasiões a intenção de sair, mas nunca chegou ao ponto de nomear um sucessor.
Na reunião do MPLA em agosto, Eduardo dos Santos foi reeleito líder do partido mas terá iniciado a transição de poder, ao nomear João Lourenço para a vice-presidência partidária.
O politólogo angolano Alberto Cafussa disse à RDP África que João Lourenço é "uma figura consensual" dentro do MPLA.
Cafussa diz que o partido se encontra numa fase de "transição geracional" e precisa de encontrar "alguém que mantenha a coesão".Quatro décadas no poder
José Eduardo dos Santos poderá assim abandonar a vida política ativa após 37 anos de liderança do país africano.
Além de Presidente, ocupou também o cargo máximo de liderança do MPLA, o partido no poder deste a independência de Angola.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto em 1979, com o primeiro Presidente angolano a morrer poucos anos após a eclosão da guerra civil, vítima de um cancro no fígado.