Distúrbios entre polícia e manifestantes em Paris marcam início da Cimeira do Clima

por Andreia Martins - RTP
Eric Gaillard - Reuters

Ativistas e manifestantes participavam este domingo numa ação de protesto contra as ações climáticas, desrespeitando as ordens das autoridades francesas, que tinham proibido as marchas planeadas na sequência dos atentados de Paris. Os manifestantes atiraram pedras à polícia, que respondeu com granadas de gás lacrimogéneo e disparou dispersar a multidão. As autoridades fizeram cerca de uma centena de feridos.

Os confrontos começaram ao início da tarde deste domingo em plena Praça da República, no centro de Paris. Cerca de duas centenas de manifestantes envolveram-se em confrontos com a polícia, arremessando vários objetos. As autoridades responderam com tiros disparados para o ar e gás lacrimogéneo. 

Lavínia Leal, Ricardo Passos Mota - Enviados especiais em Paris

Milhares de pessoas participavam numa ação de protesto, desrespeitando as ordens das autoridades francesas, que tinham proibido as marchas planeadas na sequência dos atentados de Paris.

O jornal francês Le Monde refere que estariam ao longo da Boulevard Voltaire, a rua da sala de espectáculos do Bataclan, ente 4500 a 10 mil manifestantes, números contraditórios avançados pela polícia e pelas organizações não-governamentais, respetivamente.

Na sequência destes confrontos, o chefe da polícia parisiense, anunciou a detenção de "uma centena de pessoas". Michel Cadot disse que a confusão deste domingo se ficou a dever a "pequenos grupos violentos" que recorreram a projéteis como "velas e até mesmo uma bola de bowling".

A RTP falou com um dos manifestantes que ficou ferido durante os confrontos e ainda com um dos membros do grupo Anonymous, que revelou que iriam bloquear todas as contas de pessoas ligadas ao terrorismo.

Protestos proibidos em Paris
A Agência France-Presse avança que centenas de manifestantes envolvidos nos confrontos começaram a arremessar pedras e garrafas de vidro enquanto entoavam palavras de ordem como "estado de emergência do clima" ou "não nos podem tirar o direito à manifestação". Por precaução e ao abrigo do estado de emergência, a polícia gaulesa já tinha colocado 24 ativistas em prisão domiciliária, sob suspeita de estarem a planear protestos violentos.

Durante a manhã, a polícia tinha desmobilizado um protesto simbólico que juntou cerca de 20 mil pares de sapatos na Praça da República, precisamente o local onde muitos parisienses se têm deslocado para homenagear as 130 vítimas dos ataques de 13 de novembro.

Com o estado de emergência vigente em França até fevereiro de 2016 na sequência dos ataques terroristas do Estado Islâmico, a polícia francesa proibiu as marchas e ações de protesto dos ativistas, que pretendiam marcar o início da 21ª Cimeira do Clima das Nações Unidas.

Além de Paris, os protestos marcados para o dia de hoje estendem-se a várias regiões do globo, incluindo Portugal. A conferência do clima vai juntar em Paris alguns dos principais líderes mundiais no decorrer das duas próximas semanas, até dia 14 de dezembro. Barack Obama e Xi Jinping já estão em Paris para o arranque dos trabalhos.
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