Donald Trump, o adepto americano do Brexit

por Andreia Martins - RTP
Depois das desistências de Cruz e Kasich, Donald Trump é o único candidato à nomeação republicana. Chris Tilley - Reuters

O candidato republicano defende que o Reino Unido estaria melhor fora da União Europeia, que acusa de “má gestão” da crise migratória.

Depois de Barack Obama, foi a vez de Donald Trump deixar a sua sugestão ao povo britânico no referendo à permanência na União Europeia, que acontece já no próximo dia 23 de junho. 

Em entrevista à televisão norte-americana Fox News, o presumível vencedor da nomeação presidencial republicana destacou que a migração “tem sido horrível para a Europa e foi em muito provocada pela União Europeia”. 

“Pessoalmente, acho que o Reino Unido estaria melhor sem a União Europeia. Mas não estou a recomendar nenhum voto, é apenas o que sinto. Mas quero que tomem a sua própria decisão”, referiu Trump, acrescentando que “conhece muito bem” e que tem “vários investimentos” no país.  
Imigração no centro do debate
As declarações de Trump surgem em linha com a campanha polémica que tem promovido nos Estados Unidos desde o anúncio da sua candidatura à nomeação republicana. Desde junho de 2015, o magnata prometeu, entre outras medidas, a construção de um muro na fronteira com o México e a extradição de todos os muçulmanos do território norte-americano. 

O tema da imigração também ocupa um lugar central para a tomada de decisão dos eleitores britânicos. Já este ano, Londres e Bruxelas chegaram a acordo em Conselho Europeu quanto ao “estatuto especial” do Reino Unido na União Europeia, com exceções às prestações sociais e abonos de família de trabalhadores europeus durante os primeiros anos de estadia na Grã-Bretanha. 

A quota de distribuição de refugiados definida por Bruxelas é outro tema sensível. Neste campo, David Cameron já concedeu algumas cedências, nomeadamente no que diz respeito ao acolhimento de crianças sírias. 
Avisos de Obama
Em abril, durante a visita que fez ao Reino Unido, o Presidente dos Estados Unidos avisou que o país passaria para segundo plano ao nível dos acordos comerciais em caso de saída da União. Uma declaração que enfureceu eurocéticos e apoiantes da campanha a favor da saída da UE. 

Nos antípodas de Donald Trump, Barack Obama reiterou que a Grã-Bretanha deveria “ajudar a liderar” uma União Europeia forte, instituição que eleva o país ao papel de “protagonista” a nível mundial. 

No início da semana, Trump criticou esta tomada de posição de Obama. Em declarações ao britânico Daily Mail, o candidato à nomeação republicana considerou que o atual Presidente devia ser “mais neutro” e abster-se de comentar o assunto.  
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