Duelo entre Trump e Bush domina debate republicano

por Andreia Martins - RTP
Os ataques pessoais de Trump a Bush marcaram o nono debate republicano. Jonathan Ernst - Reuters

Perante o novo delfim da família Bush, o magnata nova-iorquino teceu duras críticas à presidência de George W. Bush e considerou a intervenção norte-americana no Iraque "um enorme erro".

Um debate caótico com cada vez menos candidatos presentes. Chris Christie desistiu da corrida à Casa Branca, após um fraco resultado em New Hampshire, na terça-feira passada.  
 
No sábado, Jeb Bush foi considerado um dos vencedores da noite, por ter conseguido destacar-se pela primeira vez ao longo de uma tortuosa campanha. Apoiado em força pela audiência,  Bush conseguiu destacar-se das intervenções vorazes de Donald Trump.  
 
O debate ficou ainda marcado pela morte de Antonin Scalia, juíz do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, no passado sábado,. Os candidatos discutiram quem  deveria nomear o sucessor e afirmaram não querer ver um juíz liberal no lugar de Scalia. Mas já se sabe que será mesmo o atual Presidente quem vai nomear o sucessor antes de abandonar a presidência. 
11 de setembro e intervenção no Iraque
O debate aqueceu quando Donald Trump voltou atrás no tempo para criticar a intervenção dos Estados Unidos no Iraque e a atuação de George W. Bush durante os ataques de 11 de Setembro.

Trump começou precisamente por evidenciar a “mentira” sobre eventual existência de armas de destruição maciça, que levou à intervenção no Iraque, em 2003. “A guerra no Iraque foi um enorme erro. (…) Eles mentiram, não haviia quaisquer armas e eles sabiam”, argumentou o candidato. 

Mas desta vez, Bush estava preparado para as investidas do magnata norte-americano, que tem dominado as sondagens ao longo dos últimos meses e obteve bons resultados em Iowa e New Hampshire. Ontem foi vaiado pelo público, que não gostou de ver as decisões mais polémicas do último presidente republicano a serem criticadas.

“Estou cansado de ver Barack Obama a culpar o meu irmão por todos os problemas que tem tido”, começou por responder Bush, recebendo uma óbvia ovação.   Os republicanos voltam a votar no dia 20 de fevereiro, na Carolina do Sul

Se atacar o atual Presidente e defender ao mesmo tempo George W. Bush não tinha sido o suficiente, Jeb Bush voltou a usar a força do apelido para conquistar a audiência: “Estou farto que ele (Trump) ataque a minha família. Para mim, o meu pai é o maior homem vivo", numa referência a George H. W. Bush, Presidente dos EUA entre 1989 e 1993. 

“Enquanto Donald Trump estava a criar um reallity show, o meu irmão estava a construir um sistema de segurança para nos manter seguros. Estou orgulhoso do que ele fez”, concluiu ainda Jeb Bush. 

O nova-iorquino não desistiu dos ataques e rematou: “O World Trade Center foi atacado durante o domínio do teu irmão”, o que lhe valeu novos apupos.

Como se não bastasse o apoio do público, Marco Rubio, um dos principais oponentes de Jeb Bush, seguiu a linha do sistema defendeu o adversário: “Em meu nome e em nome da minha família, agradeço a Deus que o 11 de setembro tenha acontecido com George W. Bush na Casa Branca e não Al Gore”. Mais aplausos.
Trump em queda?
Outro duelo que marcou a noite de debate em Greenville, na Carolina do Sul, foi protagonizado por Ted Cruz e Marco Rubio, adversários diretos e que chegaram ao ponto de discutir em espanhol. 

Rubio, que teve uma prestação especialmente pobre no debate da semana passada com a repetição de argumentos e frases feitas, voltou ao ataque e acusou Cruz de apresentar “uma posição indefinida” quanto às políticas de imigração, que considerou “mais um exemplo de desonestidade” por parte do candidato. 

O próximo debate entre os aspirantes republicanos à Casa Branca acontece a 25 de fevereiro, no estado do Texas. Até lá, decorrem as eleições primárias na Carolina do Sul, no dia 20, e em Nevada, no dia 23. Do lado democrata, Nevada é o próximo estado a votar, no dia 20, seguindo-se a Carolina do Sul, a 27 de fevereiro. 

Com a votação do Super Tuesday cada vez mais próxima, espera-se que os ataques entre os candidatos subam de tom nas próximas duas semanas.
O Super Tuesday acontece a 1 de março, dia em que votam 15 diferentes Estados norte-americanos.
 

Se do lado democrata, a candidata do sistema Hillary Clinton, passa por um momento difícil, após a pesada derrota imposta por Bernie Sanders em New Hampshire, os republicanos parecem agora mais reticentes em apostar numa mensagem anti-establishment.

Jeb Bush, que registou maus resultados nas sondagens ao longo dos últimos meses, volta a entrar no ‘top 5’ dos candidatos a nível nacional, a par de Ted Cruz, Marco Rubio e Bem Carson. 

É quase certa a vitória de Donald Trump na eleição do próximo sábado, mas as posições polémicas que tomou quanto à última presidência conquistada pelo Partido Republicano poderão ter-lhe custado vários votos e apoios dentro da máquina partidária. 

As eleições primárias terminam em junho. No mês seguinte, as convenções nacionais dos dois partidos elegem o candidato com base nas votações e nos delegados eleitos. Escolhido o representante de cada partido nas eleições presidenciais, os norte-americanos vão a votos no dia 8 de novembro.
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