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Erdogan pede reunião com Putin

por Graça Andrade Ramos - RTP
O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante um discurso em Ancara a 26 de novembro de 2015 Umit Bektas - Reuters

O Kremlin anunciou que o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan solicitou uma reunião com Vladimir Putin, a ter lugar provavelmente em Paris, durante a Cimeira sobre o clima que se inicia na próxima segunda-feira dia 30 de novembro.

"Uma proposta do lado turco sobre uma reunião a nível de chefes de Estado foi entregue ao Presidente", revelou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "É tudo o que posso dizer", acrescentou, sem revelar se a proposta vai ser aceite.

Desde que F-16 turcos abateram um avião bombardeiro russo na terça-feira, que as relações entre Moscovo e Ancara se mantêm tensas.

A Turquia afirma que, terça-feira, um aparelho "não identificado" violou o seu espaço aéreo, acusação negada pela Rússia.
Moscovo mantém que o seu avião se manteve sempre sobre território sírio numa missão autorizada por Damasco e publicou mesmo imagens, alegadamente da rota seguida pelo Su-24M, para comprovar as suas alegações.

Moscovo desmente ainda afirmações de Ancara, de acordo com as quais os F-16 emitiram uma série de avisos, que foram ignorados, antes de abaterem o aparelho russo.

A Turquia recusa pedir desculpas e a Rússia tem retaliado a nível económico e humanitário.

Apesar de estarem em lados opostos no conflito sírio - Ancara apoia os rebeldes e Moscovo o Governo sírio de Bashar al-Assad - os laços que unem os dois países vizinhos tornam difícil um quebra total de relações.

Não só o ministro turco dos Negócios Estrangeiros diz ter dito ao seu homólogo russo que "lamentava" o incidente, durante uma conversa telefónica, como o primeiro-ministro turco Ahmed Davutoglu admitiu que decorrem conversações para resolver a questão do derrube do aparelho.

A Turquia publicou entretanto o que diz ser o registo dos avisos feitos ao "aparelho não identificado". O registo foi publicado por vários jornais.


Registo publicado pelo The Guardian
Artigo no Times
"Enquanto medidas para defender o nosso território se vão manter, a Turquia vai trabalhar com a Rússia e os nossos aliados para acalmar as tensões", escreveu Ahmed Davutoglu no jornal britânico Times esta sexta-feira.

"O abate de um aparelho não identificado no espaço aéreo turco não foi - e não é - um ato contra um país específico. A Turquia agiu, baseada nas regras estabelecidas de confronto, para proteger a integridade da soberania do nosso território", acrescentou.

O primeiro ministro turco apelou a todos os lados para não se afastarem da "causa que nos une", especificamente o combate ao terrorismo e ao grupos extremista Estado Islâmico ou Daesh, de acordo com a designação dos países árabes.

"A comunidade internacional não deve voltar-se contra si própria. De outra forma os únicos vencedores serão o Daesh e o regime sírio. Esta relação simbiótica mantém-nos a ambos vivos", referiu Davutoglu.
Acusações russas
O Kremlin considera que o abate do seu avião prova, pelo contrário, que a Turquia não combate o Daesh.

Acusa mesmo Ancara de proteger o grupo - cujos militantes passam pela Turquia ao entrar e sair da Síria - e até de beneficiar com o contrabando do petróleo extraído pelos extremistas e uma das suas principais fontes de financiamento.

O Presidente russo Vladimir Putin afirmou esta semana que "não há dúvidas" de que o petróleo do território "controlado pelos terroristas" na Síria está a ser encaminhado através das fronteiras turcas.

"Vemos a partir dos ares para onde se dirigem estes veículos" que levam o petróleo, afirmou Putin. "Vão para a Turquia, dia e noite", acrescentou.
Calúnia
Na resposta, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan rejeitou as acusações e disse mesmo que o grupo Estado Islâmico vende o petróleo ao próprio Presidente sírio, Bashar al-Assad.

"O Daesh, vende o petróleo a Assad. A Assad. Fale sobre isso com Assad que apoia", lançou Erdogan a Putin, negando ainda colaborar com o Estado Islâmico.

"A posição do nosso país contra o Daesh tem sido clara desde o início", afirmou num discurso quinta-feira em Ancara. "Não há aqui nenhum ponto de interrogação. Ninguém tem o direito de duvidar da nossa luta contra o Daesh ou de nos incriminar", acrescentou, pedindo a Putin "provas" do que afirma.

"Tenham vergonha - aqueles que afirmam que compramos petróleo do Daesh, têm obrigação de o provar", contestou Erdogan.
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