Estado Islâmico reivindica atentado contra guarda presidencial na Tunísia

por Carlos Santos Neves - RTP
Um técnico forense da polícia tunisina investiga o autocarro atingido pelo ataque de terça-feira Mohamed Messara - EPA

O autoproclamado Estado Islâmico reivindicou esta quarta-feira o ataque da véspera contra um autocarro da segurança presidencial em Tunes, que causou pelo menos 12 mortes. Os extremistas identificaram o presumível bombista suicida como Abu Abdallah al-Tunisi, um cidadão tunisino.

Uma vez mais, o movimento extremista responsável pelos recentes atentados em Paris escolheu a Internet para reivindicar um ataque. Desta feita em Tunes.O Presidente tunisino, Beji Caid Essebsi, reuniu esta quarta-feira o Conselho de Segurança Nacional.


O Estado Islâmico afirma que a explosão acionada na véspera por um bombista suicida, a bordo de um autocarro com agentes da guarda presidencial tunisina, fez duas dezenas de mortos. Todavia, o balanço oficial das autoridades daquele país do norte de África refere 12 vítimas entre os elementos das forças de segurança.

O Ministério do Interior da Tunísia deu conta da descoberta de um 13.º corpo por identificar, admitindo que possa tratar-se do autor do atentado.

Ainda segundo o Governo tunisino, o ataque terá sido perpetrado com recurso a dez quilos de Semtex, explosivo plástico de elevado poder destrutivo.
Bardo, Sousse e Tunes

Identificado pelo próprio Estado Islâmico como Abu Abdallah al-Tunisi, o bombista terá abordado o autocarro munido de um colete armadilhado e “fez-se explodir”.

Os jihadistas divulgaram mesmo uma imagem do alegado bombista suicida, vestido de branco e de cara tapada.
Na capital da Tunísia eram visíveis, esta quarta-feira, os esforços das autoridades para redobrar as medidas de segurança nas ruas.

O Daesh havia reivindicado este ano outros dois atentados em solo tunisino com impacto internacional: o ataque de março ao Museu do Bardo, em Tunes, e o tiroteio em junho numa praia de Sousse, com uma soma de 60 mortos, entre os quais 59 turistas.
“Um dos símbolos do Estado”

Na terça-feira o primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, lembrou os atentados do Bardo e de Sousse para sustentar que, naquelas ações, o objetivo foi “prejudicar o processo democrático da Tunísia” e “o sector do turismo”. Desta vez, continuou o governante, o ataque “foi de outro tipo”, dado que “visou um dos símbolos do Estado”.

O restabelecimento do estado de emergência, que fora interrompido há menos de dois meses, e o recolher obrigatório na região da capital, das 21h00 às 5h00 do dia seguinte, são algumas das medidas de exceção entretanto implementadas.

A Tunísia tornou-se um alvo privilegiado dos extremistas islâmicos – quer do Estado Islâmico, quer da célula tunisina da Al Qaeda no Magrebe Islâmico - após a revolução de 2011, que depôs o regime autocrático do Presidente Ben Ali.

Estima-se que as fileiras jihadistas na Síria, no Iraque e na Síria contem com milhares de combatentes oriundos da Tunísia.
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