Para além das mortes confirmadas, há registo de pelo menos 126 feridos. O governo de Ancara acredita que se tratou de um atentado terrorista. Entretanto, a polícia turca disparou vários tiros para o ar, a fim de dispersar os manifestantes que protestavam após a nova investida sobre apoiantes da causa curda. Erdogan já veio condenar mais um ataque à "paz e unidade da nação".
Centenas de pessoas estavam no local das explosões, pouco depois das 10h locais (08h em Lisboa). Vários grupos da sociedade civil preparavam o arranque de uma marcha pela paz, segundo o ministro turco do Interior.
Reportagem de Carla Diogo e Luís Moreira - Jornal da Tarde 10/10/2015
Este protesto pela paz pretendia reunir vários partidos de esquerda e sindicatos, opositores ao retomar dos ataques pelas Forças Armadas turcas contra os rebeldes curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
O partido democrático pró-curdo (HDP), que também participava nesta ação de protesto, já acusou as forças governamentais pelo ataque e cancelou todas as ações de campanha previstas, quando faltam três semanas para as eleições legislativas na Turquia.
Na conta em inglês na rede social Twitter, o partido refere que a polícia atacou os populares que tentavam assistir os feridos.
Numerous dead and injured reported. Police attacked to people who tries to carry away injured from the meeting field pic.twitter.com/0eChKppcgk
— HDP English (@HDPenglish) October 10, 2015
A dupla explosão aconteceu num local próximo da Estação Ferroviária de Ancara, uma das principais locais de acesso à capital turca. Em declarações à agência France-Presse, um responsável governamental refere que há "ligações terroristas" a estas explosões, que terão sido causadas por um bombista suicida.
Entre os manifestantes que fugiram a tempo do local, estava Ahmet Onen, um reformado de 53 anos, que desabafava aos microfones da agência francesa: "Uma manifestação destinada a promover a paz transformou-se num massacre, não compreendo".
Foto: Tumay Berkin - Reuters
As imagens difundidas pelas agências internacionais e pela televisão estatal turca dão conta da violência do ataque, com várias dezenas de pessoas estendidas no chão, acompanhadas pelos cartazes e faixas que levavam para o protesto.
Ainda em junho deste ano, outro protesto promovido pelos democráticos pró-curdos do HDP tinha sido atacado, apenas dois dias antes das eleições gerais na Turquia. Nessa altura, os ataques na província de Diyarbakir fizeram quatro mortos e mais de 100 feridos.
No fim de julho, um outro atentado suicida na zona leste da Turquia fez 32 mortos. O ataque foi na altura reivindicado pelo Estado Islâmico.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, já veio condenar o ataque desta manhã e apelou à "solidariedade e determinação" na resposta ao terror.