FMI ameaça saltar fora do resgate grego se não for reestruturada a dívida

por RTP
Yuri Gripas, Reuters

Uma carta da directora do FMI mostra que esta só vê sentido em permanecer no resgate da Grécia se os credores aceitarem uma reestruturação da dívida daquele país. É até agora a manifestação mais expressiva de descrença do Fundo no caminho adoptado.

A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) diz nessa carta, segundo citação do diário britânico The Guardian: "Para nós apoiarmos a Grécia com um novo acordo do FMI, é necessário que o financiamento e a moratória da dívida grega por parte dos parceiros europeus se baseie em metas fiscais realistas, por estarem apoiadas em medidas credíveis para atingi-las".

Nessa carta, Christine Lagarde lamenta também a falta de reformas estruturais, que considerava necessário implementar na Grécia, e considera que não haverá qualquer solução se não se conseguir um superavit primário no orçamento do Estado, ou seja, ou seja um excedente orçamental antes de ser contado o serviço da dívida.

E questiona a ideia de elevar ainda mais impostos já exorbitantes, sobre uma base tributável estreita, e de cortar demasiado na despesa - "como vem sendo sugerido nas últimas semanas".

Ainda segundo uma citação do diário grego Ekatherimini, a carta da directora do FMI considera que essas medidas serão "possivelmente contraproducentes".

A inconfidência sobre a carta de Christine Lagarde aos ministros das Finanças e da Economia da zona euro regista-se três dias antes de uma cimeira desses ministros, em que voltará a estar sobre a mesa a crise grega, com pagamentos agendados para Julho e, novamente, um risco premente de bancarrota.

De certo modo, o FMI, depois de ter sido o principal mentor de uma receita austeritária a todo o transe para a Grécia, surge agora a manifestar dúvidas sobre medidas do Governo do Syriza, anunciadas "nas últimas semanas", como é o caso das reforma no sistema de pensões e das alterações fiscais, que o primeiro-ministro Alexis Tsipras quer submeter a referendo no próximo domingo.

Comparando essas medidas com aquelas tomadas por anteriores governos da direito, o presidente do sindicato de trabalhadores do Estado, Odysseus Trivalas, afirmou: "Elas são as piores até aqui. Há-de haver um momento em que os gregos já não aguentem mais, e dar-se-á uma explosão social".
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