Uma carta da directora do FMI mostra que esta só vê sentido em permanecer no resgate da Grécia se os credores aceitarem uma reestruturação da dívida daquele país. É até agora a manifestação mais expressiva de descrença do Fundo no caminho adoptado.
Nessa carta, Christine Lagarde lamenta também a falta de reformas estruturais, que considerava necessário implementar na Grécia, e considera que não haverá qualquer solução se não se conseguir um superavit primário no orçamento do Estado, ou seja, ou seja um excedente orçamental antes de ser contado o serviço da dívida.
E questiona a ideia de elevar ainda mais impostos já exorbitantes, sobre uma base tributável estreita, e de cortar demasiado na despesa - "como vem sendo sugerido nas últimas semanas".
Ainda segundo uma citação do diário grego Ekatherimini, a carta da directora do FMI considera que essas medidas serão "possivelmente contraproducentes".
A inconfidência sobre a carta de Christine Lagarde aos ministros das Finanças e da Economia da zona euro regista-se três dias antes de uma cimeira desses ministros, em que voltará a estar sobre a mesa a crise grega, com pagamentos agendados para Julho e, novamente, um risco premente de bancarrota.
De certo modo, o FMI, depois de ter sido o principal mentor de uma receita austeritária a todo o transe para a Grécia, surge agora a manifestar dúvidas sobre medidas do Governo do Syriza, anunciadas "nas últimas semanas", como é o caso das reforma no sistema de pensões e das alterações fiscais, que o primeiro-ministro Alexis Tsipras quer submeter a referendo no próximo domingo.
Comparando essas medidas com aquelas tomadas por anteriores governos da direito, o presidente do sindicato de trabalhadores do Estado, Odysseus Trivalas, afirmou: "Elas são as piores até aqui. Há-de haver um momento em que os gregos já não aguentem mais, e dar-se-á uma explosão social".