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Forças governamentais sírias completam cerco a militantes em Aleppo

por Graça Andrade Ramos - RTP
Soldados sírios avançam ao longo da estrada do Castillo a última via de abastecimento dos rebeldes de Aleppo, conquistada terça-feira. Sana - Reuters

Está praticamente completa a operação lançada há um mês pelo exército sírio para conquistar as posições dominadas por forças rebeldes e grupos terroristas em Aleppo, no norte da Síria. Mal garantiram o controlo da zona estratégia de Bani Zeid, a norte da cidade, as forças leais ao Presidente Bashar al-Assad e os seus aliados viraram a sua atenção para a aldeia de Kafr Hamra, o último bastião rebelde na zona norte da cidade.

De acordo com fontes próximas do exército sírio, esta elevação a noroeste da cidade era usada pelos grupos "terroristas" para lançar granadas de morteiro e outros projeteis improvisados contra os bairros ocidentais de Aleppo. As forças governamentais preparam-se para o assalto a partir de dois flancos.

O cerco ficou praticamente garantido depois de 17 de julho. Dez dias antes, com auxílio de forças iranianas e russas, o exército conquistara várias posições rebeldes que protegiam a estrada do Castillo, a última via de abastecimento de rebeldes e grupos terroristas em Aleppo. Seguiu-se uma barragem contínua de artilharia apoiada por ataques aéreos russos, de cerca de 150 projeteis diários, que impediu efetivamente o uso da estrada, destruindo-a.

No início desta semana, o exército garantiu o controlo total da zona e avançou sobre as posições rebeldes estabelecidas ao longo da Castillo.

Quarta-feira, o comando do grupo terrorista da Frente al-Nusra, que dominava a zona, fugiu da batalha "em al-Lairamoun, Bani Zeid, Mallah e Castillo", abandonado posições, armas, homens e equipamento.

Quinta-feira, o exército sírio passou a controlar as zonas de Bani Zeid e das Casas da Juventude, a norte da cidade, completando o cerco aos militantes que ainda dominam a zona leste de Aleppo.

A zona de Bani Zeid começou de imediato a ser desminada, afirmam fontes locais ligadas ao Governo sírio. Dizem ainda que a desmoralização dos "terroristas" na área perante o avanço do exército foi tal que dezenas de milhares deles se renderam e depuseram as armas perante as forças governamentais, uma informação não mencionada por qualquer outra organização.Aleppo, a maior cidade do norte da Síria, tem estado dividida desde o verão de 2012 entre distritos dominados pelo Governo a oeste e bairros inteiros sob domínio de militantes, a leste. Um equilíbrio agora definitivamente desfeito.

O destino de Aleppo e dos 250.000 civis que ainda lá vivem, de acordo com a ONU e grupos humanitários, está agora nas mãos de Assad.

No início de julho, o gabinete da ONU para a Coordenação dos Assunto Humanitários avisou que na eventualidade de um bloqueio à zona rebelde de Aleppo, a ONU e os seus parceiros na área têm "apenas provisões para 145.000 civis durante um mês".

Desde dia 8 de julho que os bairros dominados pelos rebeldes não têm como se abastecer e a falta de alimentos e a subida de preços já se esta a fazer sentir.
Corredores bloqueados
A Rússia, que apoiou as operações militares sírias com ataques aéreos, anunciou quarta-feira o estabelecimento de quatro rotas de passagem segura para os civis que desejem deixar as zonas dominadas pelos militantes em Aleppo. Ao mesmo tempo, o Governo sírio ofereceu uma amnistia aos rebeldes que se renderem e depuserem as armas, designando um outro corredor para estes poderem sair da cidade.

Até sexta-feira de manhã apenas 12 pessoas conseguiram usar o corredor humanitário de Bustan al-Qasr "antes dos grupos rebeldes reforçarem as medidas de segurança e impedirem as famílias de se aproximarem do corredor", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório sírio para os Direitos Humanos.

Repórteres junto das forças rebeldes afirmam contudo que os próprios civis se recusam a abandonar a cidade. Para estes as propostas de aministia e de acolhimento de Assad e da Rússia são enganadoras.

Nas áreas rebeldes a entrada dos corredores está efetivamente fechada, mantendo-se abertas no lado do exército sírio. Um dos corredores desemboca no campo em torno de Aleppo em zona controlada pelo Governo sírio, os outros em zonas da cidade sob domínio de Assad.
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