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Frelimo acusa Dhlakama de assumir postura terrorista em Moçambique

por Lusa

Maputo, 04 set (Lusa) - A Frelimo, partido no poder em Moçambique, acusou hoje o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de assumir uma postura terrorista, afirmando que a maior formação política da oposição é financiada por mão externa para desestabilizar o país.

"O senhor Dhlakama continua a assumir a postura de um homem terrorista que não tem sentimento humano e é inimigo da paz e do desenvolvimento", disse Damião José, porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), durante uma conferência de imprensa em Maputo.

Convidando os moçambicanos a uma "análise sobre o histórico da Renamo" (Resistência Nacional Moçambicana) no país, como um movimento que "fez sofrer o povo moçambicano durante 16 anos", Damião José afirmou que o partido de Afonso Dhlakama está a ser financiado por uma mão externa, que não identificou mas que acusa de possuir uma agenda que coloca em causa os interesses do povo moçambicano.

"As condições que a Renamo tem estado a exibir - frota de carros novos, equipamento novo, o material bélico -, mostram que realmente a Renamo tem os seus patrões", sustentou o porta-voz da Frelimo, reiterando que o principal interesse destes financiadores é retardar o desenvolvimento do país.

O porta-voz do partido no poder há 40 anos em Moçambique sublinhou que o líder da Renamo continua a "afirmar-se como inimigo do povo" e de um Estado de Direito Democrático, convidando-o a meter a mão na consciência e a esquecer a sua "ambição desmedida pelo poder".

"O povo moçambicano, em 1992 [ano da assinatura dos Acordos de Paz], mesmo com lágrimas, recebeu o senhor Afonso Dhlakama confiante de que passaria a ser um homem útil à sociedade e jamais voltaria a ser um instrumento de guerra, o que não aconteceu", acrescentou Damião José.

Questionado sobre a afluência massiva de populares aos comícios que o líder da Renamo realiza no centro e norte de Moçambique, o porta-voz da Frelimo disse que as enchentes devem-se à curiosidade das populações, considerando que, "se um dia for anunciada a presença do diabo num determinado estádio, as populações vão afluir em massa".

Na quinta-feira, a Renamo anunciou a instalação de um quartel em Morrumbala, província da Zambézia, para treinar o exército e a polícia, além de garantir a proteção da população no centro e norte do país.

Hoje, na sua intervenção, Damião José condenou o posicionamento da Renamo, considerando que as populações locais estão assustadas com os pronunciamentos do partido de Afonso Dhlakama e sofrem alegados ataques dos homens armados do partido, que não têm condições para se sustentar nas matas.

"Os moçambicanos não querem saber mais da guerra, não querem ouvir falar mais da guerra", assinalou Damião José, acrescentando que o facto de o líder da Renamo ter recusado recentemente o convite do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para discutir questões relacionadas com a paz prova que Afonso Dhlakama é "alérgico ao diálogo".

A maior força de oposição moçambicana exige a criação de autarquias provinciais em todo o país e quer governar as seis regiões onde reclama vitória eleitoral nas eleições de outubro último em Moçambique, sob ameaça de tomar o poder à força.

O país vive um momento de incerteza devido às ameaças da Renamo e há registos de confrontações na últimas semanas na província de Tete, centro de Moçambique, envolvendo o exército e as forças militares da oposição, o que levou um número indeterminado de pessoas a fugir da região para o vizinho Maláui.

Em 2013, o braço armado do principal partido de oposição bloqueou a única estrada que liga o centro ao norte do país, levando a confrontações entre as Forças de Defesa e Segurança e a Renamo durante 17 meses.

Os confrontos cessaram formalmente em 05 de setembro do ano passado, com a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares entre Afonso Dhlakama e o então Presidente moçambicano, Armando Guebuza.

Após 114 rondas negociais entre o Governo e a Renamo, as partes ainda não chegaram a um consenso sobre a desmilitarização do braço armado da Renamo, uma das principais cláusulas do acordo assinado há um ano, e o partido de Afonso Dhlakama anunciou recentemente a suspensão das sessões de diálogo, apesar de a contraparte lamentar não ter sido notificada dessa decisão.

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