Guterres vence quinta votação para secretário-geral da ONU

por RTP
Denis Balibouse, Reuters

O ex-primeiro-ministro António Guterres ficou à frente na quinta votação secreta desta segunda-feira entre os membros do Conselho de Segurança para eleger o sucessor de Ban Ki-moon como secretário-geral das Nações Unidas. António Guterres venceu esta votação, como já tinha vencido todas as anteriores, perfilando-se como o candidato mais bem colocado para a liderança da organização.

Durante a votação, cada um dos 15 membros do conselho indica se "encoraja", "desencoraja" ou "não tem opinião" sobre os candidatos. Nesta quinta votação Guterres teve 12 votos favoráveis (encoraja), dois desfavoráveis (desencoraja) e uma abstenção (sem opinião), repetindo o resultado da última votação.

Em segundo lugar, ficou o sérvio Vuk Jeremic, mas com apenas oito votos de encorajamento, seis "desencoraja" e um "sem opinião.

O eslovaco Miroslav Lajcak, que ficara em segundo lugar da última vez, desce para terceiro e piora os seus resultados: oito "encoraja", sete "desencoraja" e nenhum "sem opinião".

Susana Malcorra, da Argentina, fica no quarto lugar, com sete "desencoraja" e o mesmo número de "encoraja", alcançando o seu melhor resultado, e empatada com Danilo Turk, da Eslovénia. Irina Bokova, que lidera a UNESCO e durante muito tempo a favorita do lote de candidatos, tem agora mais votos "desencoraja" (7), do que "encorajamentos" (6). A nova-zelandeza Helen Clark tem nove "desencoraja" e apenas seis "encoraja".
Próxima votação a início de outubro

A próxima votação, agendada para a primeira semana de outubro, vai destacar pela primeira vez os votos dos membros permanentes do Conselho de Segurança, que têm poder de veto sobre os candidatos.

Mónica Ferro, professora da Universidade Católica, especialista em política internacional, destaca a importância da próxima votação na corrida de Guterres a secretário-geral.

Um pormenor interessante neste escrutínio é a opinião de Rússia sobre a eleição: Moscovo entende que chegou o momento de as Nações Unidas terem um secretário-geral oriundo da região leste da Europa, o que poderá ter tido reflexo nas votações.

Guterres venceu as quatro primeiras votações para o cargo, a 21 de julho, 5 de agosto, 29 de agosto e 9 de setembro.A 21 de julho, destacou-se o ex-presidente esloveno Danilo Turk. Vuk Jeremic, da Sérvia, subiu aos três primeiros lugares. Na terceira ronda, o lugar foi para o MNE eslovaco, Miroslav Lajcak.

Outra questão prende-se com a pressão internacional para fazer subir ao lugar - pela primeira vez - uma mulher. Esta posição tem o apoio do atual secretário-geral, Ban Ki-moon.
Nos bastidores
A ONU deverá apresentar no outono um sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano. A próxima votação está marcada para dia 4 de outubro. No entanto, as manobras de bastidores da última semana em Nova Iorque terão permitido saber que Moscovo nada tem a opor à eleição de Guterres como secretário-geral da ONU e que o português granjeia simpatias de todos os quadrantes e de todos os continentes.

A capacidade de diálogo, de tolerância e de "criar pontes" são características apontadas como grandes vantagens de António Guterres numa era de globalização. A experiência com sucessivas crises de refugiados é igualmente um ponto forte. Por outro lado, e apesar da sua carreira como comissário, é visto como independente da máquina da ONU.

Correm rumores de que Guterres terá garantido o apoio da Rússia e a vitória na eleição se indicar como seu vice Lajcak ou Bokova.
Mecânica da escolha do chefe da ONU
A votação processa-se por fases, durante as quais os 15 países-membros do Conselho de Segurança indicam se “encorajam”, “desencorajam” ou manifestam-se “sem opinião” em relação a cada candidato.

Para assegurar o lugar de secretário-geral das Nações Unidas, o escolhido terá de preencher um requisito muito particular: recolher a aprovação dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China). Sem estes, nada feito, uma vez que no Conselho de Segurança, os membros permanentes têm o poder de veto.


c/ Lusa
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