Hollande anuncia criação de Guarda contra atentados

por Graça Andrade Ramos - RTP
Desde janeiro de 2015 já morreram quase 250 pessoas vítimas de atentados islamitas em França. Boris Maslard - Reuters

O Presidente francês anunciou a intenção de criar em breve uma Guarda Nacional para auxiliar as forças de segurança a combater os atentados terroristas em França.

A intenção foi anunciada em comunicado do Eliseu, após uma reunião de François Hollande com deputados especialistas no tema: "O Presidente da República decidiu que a Guarda nacional será criada a partir das reservas operacionais que já existem". A nova força deverá estar operacional no início do outono, espera a Presidência.


A França tem conhecido uma verdadeira série negra de atentados de origem islamita, que fizeram desde janeiro de 2015 cerca de 250 mortos.

Desde novembro do ano passado que o país vive em estado de emergência e o esgotamento das forças de segurança. O estado devia ter sido levantado esta semana, mas acabou por ser prolongado pelo menos até outubro, depois do atentado de Nice.

Nessa altura o Governo anunciou ir recorrer aos reservistas para manter a operação "Sentinela" e apelou aos cidadãos para se inscreverem para as reservas militares operacionais do país.

A reserva operacional existe nas polícias e nos exércitos. Conta já com 180 mil pessoas, das quais 100 mil são militares.

Qualquer pessoa pode inscrever-se, desde que cumpra algumas condições, como ter mais de 17 anos, ser francês, estar em boa forma física e ser declarado apto psicologicamente.
A reserva operacional
Em resposta ao apelo, nos últimos dias cerca de 2.500 pessoas já manifestaram interesse em integrar a reserva operacional da polícia, anunciou na quinta-feira o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

Uma das mais mediáticas candidaturas, expressa pela própria na sua conta Twitter, foi Marion Maréchal Le Pen, neta do fundador da Frente Nacional e deputada pelo mesmo partido.
"Face à ameaça que pesa sobre a França, decidi juntar-me à reserva militar. Convido todos os jovens patriotas a fazer o mesmo", escreveu. 

Marion Maréchal Le Pen - cuja iniciativa poderá encontrar eco entre alguns segmentos da juventude francesa - preenche todos os requisitos e pode por isso ser deputada e desempenhar as suas funções de reservista alguns dias por ano, mas isso não deverá suceder antes de um ano.Treino militar

Cada voluntário que se inscreva na reserva operacional deve submeter-se a quatro ou cinco semanas de formação militar, explicou ao jornal Le Monde a porta-voz do secretariado geral do Conselho Superior da Reserva Militar, Adeline Surzur.

Se tudo correr bem, após oito meses a primeira missão que é geralmente atribuída é a de "ficar de guarda frente à caserna do regimento". "Só após um ano na reserva é que poderão ser colocados no tereno", refere Surzur.

A integração na reserva faz-se assim por fases. Todos os reservistas irão partilhar as duras condições da recruta, antes de subir na hierarquia de acordo com as suas possibilidades e disponibilidade.

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